Pequenos furtos a lojas de roupas são registrados por comerciantes

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Pequenos furtos a lojas de roupas s?o registrados por comerciantes

Pequenos furtos a lojas de roupas são registrados por comerciantes do Centro

Os delitos têm ocorrido com frequência na rua São João. Para o comércio, é necessário policiamento e, para a PM, falta o registro da ocorrência

Nathália Carvalho
*Colaboração
17/7/2012

Uma camisa da vitrine que desaparece, um alarme quebrado ou pedaços de roupas agarrados na porta. Por meio destes e de outros indícios, os comerciantes das ruas do Centro da cidade têm observado a incidência, cada vez maior, de pequenos furtos durante a madrugada. Na manhã desta terça-feira, 17 de julho, ao chegarem ao trabalho, as vendedoras de uma loja da rua São João perceberam que uma peça havia sido roubada durante a madrugada, e que não havia sinais de arrombamento.

De acordo com os comerciantes da via, é observado que, na maioria das vezes, os assaltantes retiram as peças utilizando arames farpados por meio do vão da porta de entrada. "É como se eles literalmente 'pescassem' as roupas que ficam próximas à vitrine. Mas nem sempre eles conseguem levar. Em outros casos, encontramos a roupa rasgada debaixo da porta", explica a vendedora da loja assaltada, Jéssica Leal. Ela ressalta que esta não é a primeira vez que observa a ocorrência do delito. "Já fomos roubadas umas seis vezes, sempre da mesma forma. O técnico responsável pelo alarme já nos disse que esses casos têm ficado cada vez mais recorrentes aqui na região."

Também na rua São João, outros comerciantes reclamam dos mesmos delitos. Em uma loja de roupa masculina, a vendedora explica que já houve a apreensão de um adolescente que cometeu um furto. "Há um tempo, a Polícia Militar encontrou um jovem que vendia roupas da nossa marca, que é exclusiva. Ele foi reconhecido pelo gerente por meio das imagens capturadas pelas câmeras de segurança e foi preso, logo em seguida", explica a vendedora, que identificou-se apenas como Aline. Ela comenta que trabalha no comércio da rua há mais de seis anos e que essas situações são registradas em diversos pontos. "Isso acontece direto. Sempre tem alguém na rua reclamando que já foi assaltado e aqui na loja foram muitos os casos. O problema é que as pessoas não prestam queixa", ressalta.

Falta policiamento

Além dos pequenos delitos noturnos, os vendedores comentam que, aos sábados, existe uma grande quantidade de roubos. "Tivemos tentativas de furto em dois sábados seguidos este mês. Já conhecemos as pessoas e ficamos atentos, mas nem sempre é possível agir rapidamente, porque as lojas ficam muito cheias", comenta Aline. Para os comerciantes, a falta de policiamento no período noturno facilita a ação dos bandidos na região. "Aos sábados, o patrulhamento é um pouco maior, mas à noite é muito fraco. Os bandidos já sabem onde ir e percebem que a rua não é observada. Isso nos preocupa."

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio), Emerson Beloti, são vários os fatores que justificam a prática. Um dos motivos refere-se ao crescimento econômico pelo qual a cidade vem passando ao longo dos anos. Para ele, o crescimento da economia está em descompasso com as alternativas de segurança pública. "Atualmente, cerca de 60 mil pessoas passam pelas ruas do Centro todos os dias. Acredito que deveria haver um maior patrulhamento da Polícia Militar não só nesses locais, mas como em todos os expoentes comerciais, como São Mateus, São Pedro, Manoel Honório e Benfica."

Para ele, uma alternativa seria a instalação de câmeras de vigilância externas. Nestes casos, haveria maior percepção dos problemas e agilidade na ação para combater os delitos. "Em cidades como Montes Claros e Volta Redonda, já existe esse tipo de circuito de segurança. É o aparato do programa Olho Vivo, que facilita o trabalho policial, diminuindo a necessidade de profissionais realizando as rondas." Para ele, o patrulhamento durante a noite é pouco e não dá conta de atender às necessidades de segurança.

Importância do registro

Para o tenente Márcio Coelho, comandante da 30ª Companhia da Polícia Militar, responsável pelo trabalho de policiamento na região central, o problema está relacionado com a falta de registro. "A polícia não tem como saber que estão ocorrendo furtos na região se não há queixas. Dependemos dos registros para que possamos atuar e focar no combate ao crime neste locais", explica.

Ele comenta, ainda, que há um monitoramento constante do comércio pela polícia durante o dia e, no período da noite, o patrulhamento é motorizado. "Os policiais passam de moto por todas as ruas do Centro de madrugada e vamos direcionando a presença para aqueles locais que são considerados de maior necessidade", comenta o tenente.

Aos sábados, devido à maior movimentação de clientes no período da manhã, os policiais reforçam o monitoramento. Mas, segundo o tenente, é importante que os vendedores fiquem atentos àquelas pessoas que aproveitam-se da situação para levar as peças, sem que ninguém perceba. "Caso seja notada qualquer atitude suspeita, pedimos que os comerciantes acionem a polícia imediatamente, seja pessoalmente ou por meio do 190. E que não deixem de realizar a queixa, pois só assim poderemos realizar um levantamento sobre o problema", completa.

*Nathália Carvalho é estudante do 8º período de Comunicação Social da UFJF

Os textos são revisados por Mariana Benicá