Rodoviários fazem assembleias e confirmam greve a partir da 0h

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Rodovi?rios fazem assembleias e confirmam greve a partir da 0h

Rodoviários realizam assembleias e confirmam greve a partir da 0h desta terça

Sindicato divulga carta e, mesmo prevendo os inevitáveis transtornos, pretende ganhar o apoio da população de Juiz de Fora

Raphael Placido
Repórter
4/3/2013

O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo de Juiz de Fora (Sinttro/JF) realizou duas assembleias na manhã e no início da noite desta segunda-feira, 4 de março, no Largo do Riachuelo, quando confirmou a greve da categoria, que será deflagrada à meia-noite de terça-feira 5 de março.

Dirigentes sindicais, em cima de um carro de som, discursaram para os motoristas e cobradores, pregando união e buscando angariar o apoio da população.

O presidente do Sinttro, Adilson Antônio Rezende, foi enfático em suas palavras. "Os empresários dizem que estão negociando, mas não trazem nenhuma contraproposta. Eles não respeitam a categoria como deveriam. Portanto, a partir de 0h estaremos em greve. Vamos marcar essa luta na história", afirma.

Carta aberta pede solidariedade à população

Sabendo dos transtornos que o movimento vai causar à cidade, o sindicato divulgou uma carta aberta à população. Vinte mil folhetos estão sendo distribuídos nesta segunda-feira, 4, principalmente pelos cobradores, aos passageiros que entram nos ônibus.

Na carta, os trabalhadores relatam que, no final do mês, devido a descontos, alguns acabam recebendo menos que um salário mínimo. "Os assaltos aos ônibus estão cada vez mais frequentes (...) Poucas pessoas sabem que o assalto é pago pelo cobrador. O trabalhador, que mal ganha um salário mínimo, é quem compensa a empresa pelo prejuízo. O mesmo acontece quando o ônibus sofre alguma batida. Tanto faz se é ou não culpa do motorista. É ele quem, no final, deve ressarcir a empresa pela avaria", diz trecho da carta.

Além da reivindicação de aumento salarial (atualmente os motoristas de Juiz de Fora recebem R$ 1.320 e os cobradores R$ 660), a categoria cobra melhores condições de trabalho. A carta aberta afirma, ainda, que os trabalhadores não têm locais adequados para realizar as refeições nem banheiros nos pontos finais, precisando contar com a ajuda de moradores.

O secretário do sindicato, Armando de Souza Castro, voltou a afirmar a preocupação em manter a população apoiando a greve. "A gente não pode errar e jogar a população contra. Qualquer passo errado, qualquer ato impensado pode nos prejudicar", comenta. 

Queda de braço com as empresas

Os motoristas e cobradores explicam que são totalmente contra o aumento da passagem. Eles afirmam não ser verdade que um eventual reajuste salarial signifique um encarecimento da tarifa. O objetivo, segundo eles, é que o valor a mais saia do lucro das empresas, e não do bolso do cidadão.

Quem também esteve presente no ato foi o vereador Roberto Cupolillo (Betão-PT). Tradicionalmente envolvido com questões trabalhistas na cidade, ele prestou solidariedade aos grevistas. "A gente sabe da dificuldade que um movimento desse enfrenta. Vai haver pressão de todos os lados, das empresas, da população e da imprensa. Mas, quando não há acordo, é preciso partir para uma luta mais radicalizada. Greve tem que incomodar. É preciso reduzir o lucro das empresas de ônibus, pois nem assalto eles pagam. Depois dos bancos, é o setor que mais lucra neste país", reclama.