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Terça-feira, 2 de setembro de 2014, atualizada às 18h13

MPF denuncia organização por tráfico internacional com sede em Juiz de Fora

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 22 pessoas por associação para o tráfico internacional de drogas adquiridas no Paraguai, Bolívia e Peru. O grupo tinha sede em Juiz de Fora/MG, com ramificações em outros estados brasileiros. A atuação do grupo foi desvendada nas investigações da Operação Athos, da Polícia Federal, deflagrada em junho deste ano. A informação foi publicada nesta terça-feira, 2 de setembro, no site do MPF.

Onze delas também foram acusadas de tráfico internacional e três por associação para o financiamento ao tráfico. Dos 22 denunciados, ainda encontram-se foragidos cinco traficantes. Um dos capturados está preso na Penitenciária de Ribeirão das Neves, em virtude de uma condenação por homicídio qualificado. Os demais acusados estão presos preventivamente na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana da capital mineira.

Na ocasião, 250 policiais federais foram mobilizados para o cumprimento de 22 mandados de prisão preventiva, 38 de busca e apreensão e nove conduções coercitivas [quando a pessoa é detida para prestar informações].

A denúncia, de 389 páginas, relata que o aprofundamento dos trabalhos investigativos permitiu desvendar os meandros de um grupo criminoso com alto poder econômico e de influência, apontado como um dos principais traficantes de drogas no país. A organização era composta por núcleos, que, apesar de distintos, operavam de maneira coordenada e sistemática. Foram identificados dois núcleos fornecedores das drogas, um núcleo distribuidor, um núcleo comprador e um núcleo financeiro, que fomentava a atividade ilícita dos demais e auxiliava na ocultação patrimonial.

De acordo com o MPF, os grupos gravitavam em torno do núcleo distribuidor, cuja base operacional era a cidade de Juiz de Fora, e era comandado por um traficante conhecido na região e grande fornecedor de drogas em favelas cariocas como as do Acari, Maré, Rocinha e Morro do Alemão. A droga, em especial cocaína, mas também significativas quantidades de maconha, era adquirida dos núcleos comandados por dois traficantes com extensa ficha criminal.

Grande poder econômico

De acordo com o MPF, a organização é dona de impressionante patrimônio, estimado pela Polícia Federal, em cerca de 70 milhões de reais, que inclui cinco aeronaves, um jet-ski, quatro lanchas, 11 imóveis e 14 veículos, vários deles de luxo, além de valores e ativos depositados em instituições bancárias em titularidade de 28 CPFs e quatro CNPJs.

Na denúncia, o Ministério Público pede ainda que a Justiça Federal mantenha as prisões preventivas dos acusados, como "única medida hábil à garantia da ordem pública e da aplicação da lei penal", para evitar não apenas "a fuga dos denunciados, mas também a destruição de provas e coação de testemunhas".

Foi pedida também a manutenção do bloqueio dos bens, para garantir a completa "descapitalização do grupo criminoso, evitando que, mesmo eventualmente condenados e presos, os delinquentes voltem a comandar atividades criminosas, aproveitando-se de seu poderio econômico". O bloqueio irá viabilizar, também, a perda desse patrimônio em favor da União, conforme prevê a Lei 11.343/2006.

Apreensões de drogas e bens

Antes da deflagração da Operação Athos, no curso das investigações, que tiveram início em 2013, a PF já havia apreendido 594 kg de cocaína (pasta base e cloridrato), cerca de uma tonelada e meia de maconha, uma pistola calibre 380, munições, seis veículos, um caminhão, 203,7 mil reais e 390 mil dólares. 16 pessoas foram presas em flagrante nesse período.

Para o MPF, essas circunstâncias demonstram que "o vínculo existente entre os criminosos não era ocasional, restando comprovado o intuito de permanecerem associados para a prática reiterada de crimes, mesmo após sucessivas e vultosas apreensões realizadas, demonstrando a capacidade organizacional do grupo e o forte amparo econômico com que contava".

Com informações do Ministério Público Federal