Onça-pintada é capturada em Juiz de Fora

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Segunda-feira, 13 de maio de 2019, atualizada às 8h e ás 13h

Onça-pintada é capturada em Juiz de Fora

Da redação

A onça-pintada que apareceu no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi capturada na noite desse domingo, 12 de maio, segundo informações divulgadas no Instagram do Jardim Botânico. O animal foi preso por uma armadilha de caixa, posicionada em uma trilha próxima ao primeiro lago do Jardim Botânico da UFJF.

Durante coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira, 13, o professor do Departamento de Zoologia da UFJF Artur Andriolo explicou: “era um local que ela passava recorrentemente". Ele acompanhou a presença do animal desde o início dos trabalhos juntamente com o professor do Colégio de Aplicação João XXIII Pedro Nobre. As quatro caixas metálicas foram instaladas entre quinta e sexta-feira, 10, e somaram-se as outras seis armadilhas de laços que já estavam em funcionamento no local.

O felino está robusto, com todos os dentes e sem arranhões. “Isso é típico de um animal que ainda não brigou, não enfrentou outro macho e está se dispersando. A pelagem está boa, sem carrapatos”, constatou o professor Fernando Azevedo, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), membro da equipe.

Tal como se suspeitava por meio de fotos e vídeos, trata-se de um macho. Tem 51,6 quilos, 1,81 metro de comprimento e aproximadamente 4 anos. A idade foi estimada pelo tamanho e estado dos dentes. O canino superior direito mede 3,9 centímetros. “Eles estão bem formados, com pouca coloração amarelada e poucos sinais de desgaste”, explicou Azevedo.

No trabalho, a equipe coletou amostras de sangue, urina e pelo. Parte do material será levado para análise no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), localizado em Atibaia (SP). “Eles farão parte de um banco de dados sobre a espécie e, a partir deles, será feita uma série de análises”, afirma o veterinário e analista ambiental do Cenap Paulo Roberto Amaral.

Área livre e mais segura

A onça foi levada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em uma caixa metálica, forrada com espuma. No trajeto, o felino foi monitorado pelo médico veterinário Paulo Roberto Amaral, do Cenap/ICMBio. Ele foi inserido em uma área florestal ampla, em Minas Gerais, distante de área urbana, com menos riscos de incidentes do que em Juiz de Fora. “Aqui não caberia outro indivíduo. Na nova área, existem um macho e três fêmeas. Assim temos a possibilidade de reprodução. Ele é essencial para a espécie”, explica o professor Fernando Azevedo. Sobram menos de 300 onças-pintadas vivendo em Mata Atlântica.

O nome do local está mantido em sigilo a pedido da área florestal que irá recebê-lo. Dessa forma, tenta-se evitar a atração de caçadores para a região e de outros agentes que possam representar riscos ao animal. De acordo com a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, a estratégia de mobilização usada pela Universidade visando a conscientização ambiental foi fundamental para garantir a segurança do felino e das pessoas. “A situação trouxe um debate muito grande nas redes, que revelou a preocupação da população com o animal.”

Reabertura do Jardim Botânico

Com a transferência do animal, o Jardim Botânico prepara-se para ser reaberto. Segundo o diretor, Gustavo Soldati, reuniões com os comitês que compõem administração do espaço serão feitas nos próximos dias para organizar a reabertura do Jardim. A previsão é de que isso ocorra em duas semanas. A presença da onça será incorporada como processo de educação ambiental nas atividades e roteiros de visitação do Jardim. 

Antes de ser capturada, o registro mais recente da onça ocorreu neste domingo, às 5h03, no Jardim. Pegadas também foram encontradas no local, na tarde de sábado, 11, indicando, conforme especialistas, movimentação na noite de sexta, 10, ou na madrugada.

O primeiro registro em vídeo do animal foi feito em torno de 21h15 do dia 25 de abril pelo vigilante Wamildo Jesus Ribeiro ao redor da sede administrativa do Jardim Botânico. Na manhã do dia seguinte, a UFJF decide fechar temporariamente o Jardim Botânico.