Supram descarta escolha de outro local para receber novo aterro sanitário de Juiz de Fora
Supram descarta escolha de outro local para receber novo aterro sanitário de Juiz de Fora
Repórter
O titular da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram) da Zona da Mata, Danilo Vieira Júnior, descartou a possibilidade de o órgão impedir o funcionamento do novo aterro sanitário de Juiz de Fora, na fazenda Barbeiro, em Dias Tavares. Em mais de quatro horas de audiência pública realizada na Câmara Municipal nesta terça-feira, 19 de maio, o representante da Supram disse que o órgão está analisando apenas os ajustes que a empresa Vital Engenharia terá que fazer para receber a licença de operação. "O órgão ambiental não está preocupado se a área é viável ou não. Estamos analisando como vai ser a instalação do empreendimento."
Apesar de o Conselho de Política Ambiental (Copam) conceder ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) a possibilidade de enviar uma análise sobre o novo aterro, o parecer não deve ter força suficiente para influenciar a decisão do órgão estadual, responsável por bater o martelo sobre a concessão.
A notícia frustrou o grupo que luta pela paralisação das obras do novo aterro. Os vereadores Roberto Cupollilo (Betão - PT) e Noraldino Júnior (PSC), requerentes da audiência, e José Sóter Figueirôa (PMDB), que desde 2007 move uma ação popular contra a instalação do novo aterro, questionaram a licitude do contrato com a Vital Engenharia, braço do grupo Queiroz Galvão, responsável pela operação do atual e do novo aterro.
O vereador peemedebista não considerou o tema como encerrado e sugeriu à Câmara enviar propostas para que o Condema não só seja informado sobre as decisões do Copam, mas também tenha poder de interferir nela. Além disso, os vereadores sugeriram uma perícia e uma consultoria nos contratos do novo aterro.
O promotor de Urbanismo e Meio Ambiente, Júlio César da Silva, afirmou que vai entrar com uma ação cautelar pedindo a interrupção das obras do aterro em Dias Tavares. "A administração está envolvida até o pescoço com essa empresa", acusou.
A superintendente da Agência de Gestão Ambiental de Juiz de Fora (Agenda-JF), Sueli Reis, rebateu a crítica e garantiu que a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (PJF) mantém a transparência de todo o processo de instalação do novo aterro.
Para o representante da Supram, se o município entender que há fraude no contrato, pode desistir do projeto. "O órgão ambiental não impõe que o aterro seja instalado naquele local. Temos a certeza de que Juiz de Fora precisa urgentemente de um novo espaço para a destinação do lixo", defendeu Danilo Vieira.
Suspeitas de irregularidades
Durante a audiência pública, o vereador Figueirôa apresentou uma série de documentos que, segundo ele, evidenciam irregularidades históricas entre a Prefeitura e a Queiroz Galvão.
No início do último mandato do ex-prefeito Alberto Bejani, em 2005, a empresa Saneamento e Meio Ambiente Ltda (SMAL) foi contratada pela PJF para avaliar o aterro do Salvaterra. O relatório apontou o esgotamento do empreendimento e marcou o início das discussões sobre a vida útil do aterro. Segundo Figueirôa, os indícios sugerem uma ligação entre a SMAL e a Queiroz Galvão, grupo responsável pela manutenção do atual aterro e pela construção do novo espaço em Dias Tavares.
A empresa contratada para a elaboração do Estudo e Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental na época foi a Técnica de Engenharia Civil e Sanitária Ltda. (Tecisan), cuja responsabilidade técnica está a cargo de um dos engenheiros sócio da SMAL. Segundo Figueirôa, as duas empresas, SMAL e Tecisam, funcionam no mesmo endereço, em Belo Horizonte.
A segunda evidência de irregularidade apontada pelo vereador se deu no processo licitatório para a operação do novo aterro, em 2006. Além de a PJF ter recebido apenas uma proposta de interesse para operação do empreendimento - justamente a da Queiroz Galvão - documentos comprovam que a empresa comprou a área do aterro em Dias Tavares antes mesmo da conclusão da licitação. O valor da compra foi de R$ 771 mil. "A empresa comprou o terreno no dia 29 de agosto de 2006, mas o anúncio oficial da empresa vencedora da licitação aconteceu só no dia 6 de setembro. Como a empresa compra o espaço antes de saber se realmente havia ganhado a licitação?", questionou vereador.
Por fim, Figueirôa acusou o ex-prefeito Alberto Bejani de receber R$ 100 mil de propina da Queiroz Galvão. "Trata-se da maior farsa contratual da Prefeitura", concluiu sobre o contrato entre a PJF e a empresa, no valor inicial de R$ 510 mil por mês. De acordo com o vereador Noraldino, o contrato custa cerca de R$ 4 milhões a mais, por ano, do que o atual, no Salvaterra.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes