Sementes de hoje

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Projeto promove reciclagem do lixo Trabalho poderia ser ampliado e melhor divulgado
caso ganhasse apoio das empresas de JF

Thiago Werneck
Colaboração*
16/07/2007

 

Reciclar papel, alumínio, vidro, papelão, sucata, plástico. Reutilizar roupas, eletrodomésticos, móveis. Tarefas promovidas pela Associação Ambiental Casamundo e que dariam um resultado muito melhor caso tivessem mais apoio.

Segundo a presidente da ONG, Rosane Villanova Borges, são poucas as empresas de Juiz de Fora que doam seus lixos e ajudam os catadores de lixo da Cata Norte. "Já temos esse projeto com algumas escolas, mas grandes empresas não querem doar seu lixo. Mesmo as que ficam nos arredores de nossa sede no Bairro Milho Branco não prestam qualquer auxílio. É simples, só separar o lixo para que nossos catadores recolham, mas isso não é feito", relata.

Para recolher as doações de empresas e escolas que doam seu lixo, a Casamundo tem uma parceria com o Demlurb para eles transportem a carga. Apesar disso, Rosane alega que o acordo não vem dando resultado. "Essas coletas não tem chegado em nossa cooperativa. O transporte desse lixo é uma grande dificuldade que nós temos e não vem sendo realizado da forma como havia sido prometido", revela.

Hoje, a Casamundo conta com o apoio da Caixa Econômica Federal, desde de 2006. A instituição precisa de mais voluntários para estender seus projetos a toda comunidade. "Hoje, temos quatro coordenadores na Associação. Uma pedagoga e um estagiária também nos ajudam através de estágios. Uma equipe reduzida para as pretensões de ampliar nosso trabalho para toda comunidade", conta Rosane.

Se os empresários não fazem seu papel, todos podem ajudar com uma simples separação do lixo em casa (confira vídeo acima). Não é preciso separar uma lixeira para plástico, outra para o papel, mais uma para alumínio e outra para resíduos orgânicos. É só ter duas latas de lixo em casa: um para lixo úmido e outra para o lixo seco. O esforço é mínimo, mas a ajuda para os catadores é enorme."Isso torna o trabalho deles menos insalubre e facilita muito a coleta dos materiais recicláveis", explica Rosane.

Projetos Casamundo

Além de incentivar as empresas a doarem seu lixo, a Casamundo ainda oferece oficinas aos filhos e mulheres dos catadores. No Educação Sem Fronteiras, uma professora e uma estagiária dão aulas de reforço escolar para os filhos de catadores.

Eles contam ainda com aulas de informática, música, futebol. Eles aprendem a utilizar o material recolhido das ruas para fazer bolsas e relógios a partir de discos de vinil. Mais uma vez, a falta de voluntários e apoio impedem que esse trabalho seja oferecido a outras crianças da comunidade.

Outra iniciativa é o Projeto Nutrição e Saúde através de uma cozinha comunitária. Um projeto que começa a ser planejado e visa a utilizar a alimentação alternativa. "Pretendemos ensinar para eles como aproveitar casca de banana e outros materiais que geralmente são jogados fora. Além disso temos a o almoço oferecido aos filhos dos catadores", afirma Rosane.

A Casamundo presta assistência a cerca de 20 catadores de lixo da Associação Cata Norte. Eles aprendem, junto com a família, três regras básicas da ONG: reduzir, reutilizar e reciclar. De acordo com Rosane, essa é a essência para que eles tenham a responsabilidade de um cidadão. "Ensinamos eles a economizarem água, luz, a reaproveitarem roupas, utensílios domésticos e é claro a proceder de maneira correta com a reciclagem", destaca.

Atual situação

Segundo Rosane, a região do Milho Branco, onde funciona a instituição vive uma situação muito precária. "A maioria deles vive em barracões que ficam em áreas sem tratamento de água e que muitas vezes sequer tem acesso a eletricidade. É um povo muito carente", avalia.

Por isso existe a necessidade de apoio. Ao todo são quase 40 pessoas entre crianças e adultos que recebem assistência "muitos deles têm quatro, cinco filhos. É uma realidade muito dura", observa Rosane. Quando entra na Cata Norte o catador de lixo participa de palestras e recebe orientações quanto a importância do seus trabalhos. Dessa forma eles têm a consciência de que ajudam a preservar o meio ambiente.

Vidro e isopor são os materiais que têm o menor aproveitamento de doações em Juiz de Fora. "Não temos compradores. No caso do vidro estamos para fechar uma parceria agora, mas isopor não tem saída. Os outros materiais são mais fáceis de serem negociados. Mas precisamos de parcerias para ampliarmos nossas ações", completa Rosane. Confira o site oficial da ONG.

*Thiago Werneck é estudante de Comunicação Social da UFJF