Remake, reboot: vale a pena fazer de novo?

Nos últimos anos, a indústria do entretenimento tem vivido um aumento significativo no número de remakes e reboots de filmes, séries e novelas. Essa tendência levanta uma questão pertinente: vale a pena fazer de novo?

Por Anderson Santos e Diogo Augusto

Filme 'O Corvo' (2024) reinterpretação moderna do clássico cult de 1994

Ô,
Vô,
Ovo.
Novo, renovo,
Removo, movo,
Ovo.

Nos últimos anos, a indústria do entretenimento tem vivido um aumento significativo no número de remakes e reboots de filmes, séries e novelas. Essa tendência levanta uma questão pertinente: vale a pena fazer de novo? Para responder a essa pergunta, é essencial considerar diversos fatores, como bilheteiras, audiência, nostalgia e estratégias de marketing.

Um remake é uma nova versão de uma obra já existente, como um filme, série, novela ou jogo. O objetivo principal de um remake é atualizar a produção para um novo público, mantendo a essência da história original, mas com melhorias técnicas, visuais e, às vezes, mudanças no roteiro para torná-la mais relevante para os tempos atuais. Por exemplo, o remake de "O Corvo" (2022) - filme cult dos anos 90, que conta a história de um homem que volta dos mortos para vingar sua própria morte e a de sua noiva.

Já o reboot é uma "reinicialização" de uma franquia, que pode incluir filmes, séries ou jogos. Diferente de um remake, que reconta a mesma história, um reboot resgata o universo e os personagens, mas com um roteiro diferente e uma abordagem nova. O objetivo é revitalizar a franquia, muitas vezes para atrair um público mais jovem ou para dar uma nova direção à narrativa.

Primeiramente, os dados de bilheteira falam por si. Filmes como "O Rei Leão" (2019) e "It: A Coisa" (2017) arrecadaram bilhões de dólares mundialmente, demonstrando que o público está disposto a revisitar histórias conhecidas. Críticas e opiniões à parte, essa disposição pode ser atribuída à nostalgia, um sentimento poderoso que conecta os espectadores a suas memórias afetivas. A sensação de reviver momentos da infância ou da juventude pode ser um forte motivador para assistir a um remake.

Além disso, a audiência também se beneficia dessa prática. Remakes e reboots frequentemente introduzem histórias clássicas a novas gerações, permitindo que jovens espectadores conheçam narrativas que moldaram a cultura pop. Por exemplo, a nova versão de "Os Fantasmas Ainda Se Divertem" traz personagens icônicos de volta à vida, atraindo tanto fãs antigos quanto novos. Essa interseção de públicos é uma estratégia inteligente que amplia o alcance e a relevância das produções.


Ref.
Refazer
Refazenda
Requentado
Remanufaturado.

O marketing também desempenha um papel crucial nesse fenômeno. A familiaridade com o material original facilita campanhas publicitárias, que podem explorar a nostalgia e a expectativa do público. A expectativa em torno do remake de "Vale Tudo", por exemplo, gera discussões e engajamento nas redes sociais, criando um burburinho que pode ser capitalizado pelas emissoras.

A Rede Globo tem apostado cada vez mais em remakes de novelas clássicas, com resultados variados. Recentemente, a emissora trouxe de volta "Elas por Elas", uma novela de sucesso nos anos 1980, mas a nova versão não conseguiu repetir o mesmo impacto e acabou não agradando o público. Por outro lado, o remake de “Pantanal” foi um grande acerto em 2022, conquistando crítica e audiência com sua narrativa atualizada e belas paisagens, provando que, quando bem-feitos, os remakes podem ter um grande apelo.

Entretanto, nem todos seguem essa trajetória de sucesso. O remake de “Renascer”, em 2024, foi um exemplo de fracasso, não conseguindo engajar a audiência como a versão original dos anos 1990. Isso contrasta com remakes de décadas anteriores, como “Sinhá Moça” e “Cabocla”, que, nos anos 2000, se destacaram e mantiveram o campo público. A Globo parece enfrentar o desafio de encontrar o equilíbrio certo entre nostalgia e inovação, já que o sucesso de um remake depende não só da história original, mas também de sua capacidade de se conectar com as novas gerações.

É importante refletir sobre a originalidade. A repetição de histórias pode levar à saturação do mercado e à falta de inovação. O desafio para os criadores é encontrar um equilíbrio entre honrar o material original e oferecer algo novo e relevante.

Por fim, a prática de fazer de novo pode ser vista como uma estratégia válida, desde que seja feita com cuidado e criatividade. O sucesso de remakes e reboots depende de como eles são abordados e da capacidade de ressoar com o público contemporâneo. Assim, a pergunta permanece: há falta de criatividade nas produções? Café requentado também é palatável? A resposta pode variar, mas a reflexão sobre o que realmente significa reviver uma história é uma obra aberta, com variantes ‘multiversais para perpetuar uma obra-prima’.

Transformar, formar o mar em ar: a…