"O Telefone Preto" ("The Black Phone"), de Scott Derrickson (2021)
"O Telefone Preto" é uma brilhante crítica à inoperância institucional (família, escola, Estado), no que diz respeito à proteção das crianças e adolescentes.
Sendo uma história contada no formato de terror, o filme mostra todo o sofrimento psicológico a que eles estão expostos, diante das mais variadas formas de violência.
Apesar do sequestro de Finney, protagonista da trama, aparentemente ser a situação mais grave ali, várias violações vão sendo mostradas ao longo do filme: vários abusos vindos dos adultos; a omissão das escolas, diante dos gravíssimos casos de bullying; a violência entre as próprias crianças e adolescentes, quando, geralmente, impera a covardia.
No longa, a irmã de Finney, Gwen, também diversas vezes violada, representa a única pessoa que estava ali pelo garoto.
Uma criança!
Além disso, ela encarna uma ácida crítica às instituições de segurança pública - completamente ineficazes diante dos casos que estavam ocorrendo - já que é ela quem soluciona o mistério, através de seu dom sobrenatural, ligado, no ocidente branco, ao Cristianismo.
Trata-se de um filme sobre a solidão das crianças, vivendo em uma sociedade que não consegue, ainda, protegê-las.