Luisa Arraes revela lição do avô Miguel Arraes: 'Adversário político não é inimigo'
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na série "Cine Holliúdy" (Globo), que estreou a 2ª temporada nesta semana, a atriz Luisa Arraes, 29, interpreta a personagem Francisca, filha bastarda de Olegário (Matheus Nachtergaele) com a meretriz Madalena (Luiza Tomé). Na trama, ela é questionadora, progressista, dona de ideias novas e avessa a romances e casamentos. Guardadas as proporções, Luisa diz que se identifica com a personagem que tenta fugir dos estereótipos que a sociedade impõe às mulheres.
Casada há cinco anos com o ator Caio Blat, ela mora em um apartamento em frente ao do marido por considerar que a relação funciona melhor para eles, que trabalham muito juntos -na pandemia o casal transformou a casa em cenário da série "Amor e Sorte". "Ele vive na minha casa e eu falo para ele: 'Vai para a tua casa'. Ele não vai", contou rindo. "Achei engraçado que isso viralizou."
O lado questionador e que fala o que pensa da atriz está ligado ao seu DNA, que vem de uma família de políticos e artistas pernambucanos. Ela é neta do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), e filha do diretor e cineasta Guel Arraes com a atriz Virgínia Cavendish.
Luisa conta que sempre acompanhou os pais nos sets de filmagens e nas coxias de teatro, ambiente que ela considera muito lúdico e divertido para uma criança. Antes da pandemia, ela costumava levar os dois irmãos mais novos, de 15 e 9 anos, aos bastidores das gravações. "Eu fui criada assim, era divertido, foi um lugar que me acolheu", disse. "Arte não é só para você ser artista", acrescentou a atriz.
No ano passado, a atriz terminou as gravações do filme "Grande Sertão Veredas", que ela protagoniza ao lado do marido --o casal já havia atuado também em uma peça de teatro, dirigida por Bia Lessa, inspirada na obra literária. O longa também é a primeira vez em que ela é dirigida pelo pai. "É muito luxuoso poder trabalhar com alguém que encara a arte como uma missão na terra que é como ele faz", derrete-se.
Sobre o momento de polarização política no país com a disputa presidencial, Luisa diz que se lembra muito de uma lição que aprendeu com o avô Miguel: "Adversário político não é inimigo."
"É uma lição que eu levo e que digo para todo mundo quando começam a falar de política como se fosse jogo de futebol. Não é meu time contra o seu. Na verdade, são pessoas tentando construir um país", afirmou a atriz.
Segundo ela, o ensinamento do avô vale também para os primos, entre os quais o prefeito de Recife, João Campos (PSB), e a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade-PE), que já disputaram pleitos em lados opostos, mas não levam as divergências para as festas de família. "Nas festas, todo mundo se fala sempre e não leva brigas", garante Luisa.
Apesar de não ocupar cargos políticos como os primos, Luisa carrega com ela a educação política que recebeu, se posicionando como artista e cidadã. Ela afirma que mesmo quando uma pessoa diz que não se posiciona, está assumindo uma posição. "Não tem como você ser isento quando o mundo está caindo aos pedaços. Se o Brasil está indo por água abaixo e você não fala nada, isso é um posicionamento."