Luiza Possi faz virada na carreira em tentativa de manter relevância

Por FILIPE PAVÃO

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Luiza Possi comemora 20 anos de carreira em 2022 e prepara uma série de lançamentos para celebrar a marca. Para começar, ela divulgou a música e o videoclipe de "Agridoce", canção feita ao lado de Lulu Santos, na última semana. É a primeira aposta da cantora de 38 anos na música pop.

Em conversa com a reportagem, a apresentadora do "Sai da Caixa", reflete sobre as duas décadas de carreira e afirma ser difícil se manter relevante por tanto tempo.

Focada no presente, ela dá virada na carreira ao lançar faixa pop e videoclipe com referências ao estilo musical, mudanças de looks, balé e coreografia.

A letra mostra uma pessoa multifacetada com os versos: "Tô pagando os boleto e roupa no varal / Boto os meninos pra dormir, já to pronta pra ir / É que hoje tem show, eu sou palco principal".

"Esse projeto fala de mim. Em 'Agridoce', a gente quis falar dessa mistura, o doce com a pimenta, com o salgado... É ser mãe, ser mulher, ser cantora, ser influencer, tô aqui e tô ali dando um duro danado e me sentindo a mulher maravilha", diz.

"Não é fácil se manter relevante por 20 anos... [Estou] mais focada que nunca e muito determinada. Estou produzindo como nunca", avalia Possi.

"Agridoce" chega às plataformas digitais após a artista flertar com o gênero em 2016, no disco "LP", ter participado do reality "Show dos Famosos", no antigo "Domingão do Faustão", protagonizado o musical "Divas" e realizado um show em homenagem a Michael Jackson.

"O 'LP' era um pop mais dark, sabe? O pop de hoje é muito solar e jovem. As meninas que compuseram comigo têm 22, 27 anos. Fui atrás das pessoas mais pops do Brasil", diz ela sobre a faixa, que tem composição de Marília Lopes, Mayra, Elana Dara e Los Brasileros.

Lulu Santos fecha o time de compositores e divide o vocal com a artista. "Dentro da nossa MPB, Lulu é o que temos de mais pop. Isso tem a ver comigo também. Sou uma cantora de MPB, mas sou pop, nunca escondi de ninguém, nunca deixei para lá. O Lulu tinha que estar junto nesse momento tão pop e me apadrinhando", diz.

"Agridoce" estará no álbum de nove faixas que a artista vai lançar no próximo ano. Até lá, ela divulgará uma música por mês nas plataformas digitais. "O álbum já está gravado. Eu vou ser sádica e vou ficar postando uma por mês", conta, aos risos.

AUSÊNCIA DO PAI E MATERNIDADE

Filha da cantora Zizi Possi e do produtor Líber Gadelha, Luiza lamenta a ausência do pai, vítima da covid-19 no início do ano passado, durante a entrevista. O álbum vai ser o primeiro disco de inéditas solo da artista sem a presença da pessoa que a lançou no mercado fonográfico e acompanhou de perto seu desenvolvimento.

O primeiro álbum de Luiza, "Eu Sou Assim", chegou ao mercado em 2002 quando ela tinha apenas 18 anos. O disco foi lançado pela LGK Music, gravadora que pertencia a Líber. "Ele produziu meus discos, depois foi produtor executivo dentro da LGK. A gente tem uma longa história de trabalho juntos. Além de ser meu pai, ele é uma pessoa que faz falta", diz.

"Como sou muito teimosa, eu não fazia nada do que ele mandava. Agora eu estou obedecendo mais", diz Possi.

"Depois que papai morreu, sinto que não consigo fazer besteira, nem que eu tente. Quando tento, dá errado. Aí, eu penso: 'isso era maior besteira, meu pai não deixou eu fazer'. Me questiono muito. 'Será que ele ia gostar disso ou daquilo?' É difícil, às vezes, dá vontade de ligar para ele e falar uma coisa rapidinho, mas não dá mais. Sinto meu pai muito presente, mas, ao mesmo tempo, sinto muita falta. Como diz a música: 'o show tem que continuar'. Ele ia gostar disso", diz.

Além da morte do pai provocada pela covid-19, o novo álbum vai chegar à vida de Luiza após outra mudança: a maternidade. Casada com o diretor de TV Cris Gomes, ela é mãe de Lucca, de 3 anos, e Matteo, de quase 1, e diz que as prioridades mudam após ser mãe.

"Quando a gente não tem filho, a gente é muito autorreferente. Quando tem filho, a gente tira um pouco desse ego. Lembro uma vez que encontrei a minha prima Preta (Gil) e ela disse: 'você não vai ter filho mesmo?'. Respondi: 'Ai, eu não vou, não quero'. Mas ela falava: 'você tem que amar alguém mais que você mesma'. Fiquei com isso na cabeça. Realmente, quando você aprende a amar melhor e isso reflete na música, na letra, no que é prioridade, um monte de coisa boba cai por terra", pensa.