Livros ficam quase 8% mais caros e setor vende menos, mas segue lucrando

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O setor editorial brasileiro começou o ano com um desempenho insatisfatório. O Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa realizada pela Nielsen Book do Brasil e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), coletou dados sobre o mercado de livros que mostram que, apesar de o lucro com a venda de livros ter aumentado, o número de volume de obras comercializadas caiu.

O faturamento de janeiro do setor cresceu 1,95% em relação ao mesmo período de 2022, subindo de R$ 258,79 milhões para R$ 263,83 milhões -os valores não descontam a inflação. Já a quantidade de obras vendidas foi de 5,53 milhões para 5,23 milhões.

O que ajuda a explicar o aumento do lucro apesar da queda nas vendas é o preço, que encareceu. O preço médio dos livros cresceu 7,75% e o desconto médio caiu 4,5%.

O aumento dramático no preço médio dos livros didáticos -14,34%- contribuiu o crescimento do preço médio. O faturamento com essa categoria também aumentou 36,67%, contra 35,12% em 2022.

Ismael Borges, da Nielsen Book, disse que a diferença entre o resultado de 2023, baixo em comparação com 2022 (que teve crescimento de 22,43% em volume e 20,03% em valor), é resultado da forte retomada às atividades de consumo no ano anterior. "Estamos no tempo presente olhando para um número que é objetivamente negativo, mas que precisa ser tratado com uma lupa mais atenta".

"Apesar do resultado negativo em volume e em valor real, ainda é cedo para apontarmos tendências. Especialmente considerando-se que o período equivalente do ano anterior foi de um crescimento acima do normal, em vista do retorno dos didáticos", destaca Dante Cid, presidente do SNEL.

Os números têm como base o resultado da Nielsen Bookscan Brasil, que apura as vendas das principais livrarias e supermercados no país. O preço médio de livros de ficção aumentou 8,13%. Já o de não ficção trade -biografias, livros de autoajuda e religiosos- aumentou 6,54%, enquanto o de não ficção especialista -obras de áreas específicas, como direito ou economia- caiu em 2,32%.