Vereadores de BH criam lei para que o estádio do Atlético-MG possa ser inaugurado

Por LEONARDO AUGUSTO

Vereadores de BH criam lei para que o estádio do Atlético-MG possa ser inaugurado

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Câmara de Vereadores de Belo Horizonte vai criar uma lei para que a Arena MRV, o estádio do Atlético-MG, possa ser inaugurada.

Com capacidade para 46 mil pessoas, a arena está pronta, mas vem recebendo apenas eventos de pequeno porte, com até 6.000 pessoas, como o "nascimento do gramado".

Partidas do Campeonato Brasileiro, por exemplo, não podem ocorrer no estádio.

O motivo é que uma série de contrapartidas para a realização da obra não foram cumpridas, entre as quais a construção de alças rodoviárias e duas passarelas para pedestres na região.

Sem as contrapartidas prontas, a Arena MRV não pode funcionar com sua capacidade total, conforme a legislação atual que rege este tipo de empreendimento na cidade.

A culpa, conforme o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), é da prefeitura, que emitiu licenças de construção do estádio, mas não para as obras das contrapartidas.

A reportagem enviou questionamentos para a prefeitura em 29 de junho e cobrou as respostas nos dias 30 de junho, 5 e 24 de julho. O município, porém, não se posicionou.

Em nota divulgada juntamente com o Atlético-MG em 27 de junho, a prefeitura afirma que ambos trabalham para a abertura para jogos de futebol e outros eventos no menor prazo possível.

O texto diz ainda haver compreensão em relação à ansiedade de torcedores pela abertura do estádio, mas que é necessária garantia de segurança.

No texto é mencionado ainda que foi criado um comitê com participação de vereadores, que dialoga com BHTrans (a empresa pública de trânsito da capital), bombeiros e polícia militar. E que há preocupação com o entorno do estádio.

A lei que autoriza a inauguração foi aprovada em primeiro turno pela Câmara na quinta (6). Porém, deverá receber emendas e, portanto, terá que voltar às comissões da Casa.

Após essa fase, vai a plenário para votação em segundo turno, o que poderá ocorrer em agosto.

O texto foi apresentado pelo vereador César Gordin (SDD) depois de articulação entre o presidente da Câmara e a prefeitura. "É a saída que encontramos para que o estádio não fique parado", afirma Azevedo.

O vereador que apresentou o projeto é ex-presidente da Torcida Organizada Galoucura.

Parte interna da Arena MRV, estádio que poderá receber público de até 46 mil pessoas. Pedro Souza/Atlético-MG A foto mostra, de cima, a parte interna da Arena MRV, aparecendo no local para abrigar a torcida a frase "aqui é galo". **** Na negociação para redação do texto ficou acertado que o estádio poderá começar a funcionar, mas as contrapartidas previstas precisam ser encaminhadas.

Em nota, o Atlético-MG afirma que as contrapartidas envolvendo obras viárias estão 97% concluídas. "As obras que estão sendo discutidas com o poder público referem-se às alças no Anel Rodoviário e construção de duas passarelas para pedestres".

O clube não respondeu perguntas sobre o projeto aprovado em primeiro turno na Câmara que autoriza o funcionamento do estádio sem a conclusão das contrapartidas, e afirmou que, em relação a este assunto, o posicionamento é o da nota apresentada junto com a prefeitura.

Momento ruim

A possibilidade de inauguração mais rápida do estádio acontece em uma fase ruim do clube. O time segue na Libertadores, mas foi desclassificado da Copa do Brasil e está em 13º na tabela do Campeonato Brasileiro.

Além disso, seu maior rival, o Cruzeiro, que acabou de subir da Série B, está à sua frente na competição, na 11ª posição.

O estádio do Atlético-MG fica no bairro Califórnia, região noroeste da capital, próximo à BR-040, na saída da capital mineira para Brasília. O custo estimado da obra é de R$ 1 bilhão, incluídas as contrapartidas.

A Arena MRV será o terceiro estádio de Belo Horizonte. Na cidade já funcionam o Mineirão, com capacidade para 60 mil pessoas, e o Independência, onde cabem 23 mil torcedores.

Na quinta (20), o conselho deliberativo do clube aprovou a transformação do departamento de futebol em SAF (Sociedade Anônima de Futebol).

A sociedade, batizada de Galo Holding, terá 75% de sua constituição adquiridos por um grupo de quatro empresários: Rubens Menin e Rafael Menin, da família proprietária da MRV, que detém o "naming rights" do estádio, Ricardo Guimarães, do Banco BMG, e Renato Salvador, da rede hospitalar Mater Dei.

O valor da transação é de R$ 913 milhões, conforme o clube. O acordo estabelece que a Arena MRV e também o centro de treinamento do time sejam repassados à SAF.