Morre Robert Irwin, artista de obras que ressignificavam o espaço, aos 95 anos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu nesta quarta-feira, dia 25, Robert Irwin, expoente do movimento Light and Space na arte, aos 95 anos, num hospital da Califórnia, nos Estados Unidos. A morte, causada por insuficiência cardíaca, foi confirmada por Arne Glimcher, fundadora da galeria Pace, onde ele expunha seus trabalhos desde a década de 1960.
Contestador da maneira como o espaço é percebido, Irwin desafiava os visitantes de suas instalações por meio de estruturas que não pareciam estáticas. Assim, elas muitas vezes davam a impressão de estarem em constante transformação, conforme o ângulo de onde eram observadas.
Muitas vezes, no processo de montagem, o californiano alterava a arquitetura dos locais que sediavam suas instalações. Por isso mesmo relutou até permitir que suas obras fossem fotografadas --o aval só veio no fim dos anos 1970.
Uma investigação da percepção humana, como ele o descrevia, seu trabalho tinha natureza temporária, não sendo concebido para permanecer de forma fixa numa galeria ou outra. Nem por isso deixou de moldar perpetuamente a paisagem de cidades importantes.
Em Los Angeles, em 1997, inaugurou o jardim do Getty Center, um dos mais importantes complexos culturais da cidade. Em Nova York, em 2003, assinou os planos para o museu Dia Beacon. E no Brasil, também, tem uma de suas obras exposta no Instituto Inhotim.
Sem título, a obra feita em 2019 é composta por placas de concreto, aço inox e vidro artesanal, que formam uma espécie de círculo, por onde os visitantes que chegam ao ponto mais alto da área do Inhotim podem andar. A estrutura octogonal tem, no topo de cada parede, vidros triangulares amarelos e texturizados.
Com a incidência da luz solar, há um jogo de luz que varia conforme a hora do dia em que a obra é observada, reforçando a natureza mutável das esculturas e instalações de Irwin.
Nascido em Long Beach em 1928, Irwin tinha um pai empresário que viu os negócios da família afundarem durante a grande depressão da década de 1930. Enquanto crescia, ia demonstrando interesse em desenhar. Mas ao atingir a maioridade acabou entrando para o Exército. Passou alguma tempo na Europa e, quando voltou à Califórnia, começou a estudar arte.
Em 1958, teve a primeira oportunidade de apresentar seus trabalhos, na galeria Ferus, a mesma que ajudou a lançar Andy Warhol. Nos anos 1950, Irwin se ocupava com pinturas expressionistas, até que, na virada da década, descobriu sua verdadeira vocação na escultura.
Ganhou projeção em 1970, quando foi convidado para reformular uma área inteira do Museu da Arte Moderna de Nova York, o MoMA. Ele o fez por meio de pequenos detalhes, como mudanças nas luminárias.
Algo semelhante aconteceu em 1975, quando o Museu de Arte Contemporânea de Chicago o incumbiu de transformar uma de suas salas. Antes vazia, ela foi transformada com o uso de fita adesiva preta
Irwin deixa a mulher, Adele Feinstein Irwin, e uma filha, Anna Grace Irwin.