Quem são os fãs de Taylor Swift que acampam há dois meses para show no Rio

Por ALÉXIA SOUSA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - "Taylor Swift está num nível de divindade para mim. Não basta estar só na pista premium, tem que chegar o mais perto possível". A fisioterapeuta Júlia Cotelli, 28, é a primeira da fila para o show da cantora no Rio de Janeiro, neste final de semana, no Estádio Nilton Santos, o Engenhão.

Ela divide a barraca com outros 26 "swifities", como são chamados os fãs da cantora, que, há dois meses, se revezam em turnos na espera pela abertura dos portões. O grupo acampou na porta do estádio no dia 11 de setembro para garantir um lugar próximo da grade que separa a plateia do palco.

Existe até um sistema de ranking no qual quem assume mais turnos garante uma posição melhor na hora de entrar no evento.

"A gente tem uma escala, cumpre os horários e depois a gente coloca o boletim de quantas horas foram cumpridas, o que gera um ranking. É como se fosse bater ponto. E quem fizer mais horas, vai na frente", diz a fisioterapeuta.

Antes disso, porém, Júlia dormiu nove noites na fila para a compra do ingresso. Ela adquiriu tickets de setores diferentes para as três apresentações da turnê "The Eras Tour" nos dias 17, 18 e 19 de novembro.

"Eu vou dois dias de pista premium e um dia de cadeira inferior. Eu estou há 15 anos assistindo Taylor Swift por tela, agora eu quero garantir a experiência mais completa possível", afirma a fã, que separou figurino especial, com três roupas diferentes, cada uma para um dia de show.

Gleci Mara Pinto Silveira também se preparou para ajudar a filha Lia Carolina, de 16 anos, a ter a melhor experiência para ver seu ídolo. As gaúchas chegaram no Engenhão na tarde de segunda-feira (13) para o show na sexta (17). A mãe alugou uma quitinete na frente do estádio para guardar os pertences e usar o banheiro.

"Até pensei em alugar só o banheiro, porque tem essa opção, mas achei melhor pegar a quitinete toda para guardar nossas coisas e para minha filha descansar com um pouco mais de conforto. Já para comer, vamos na padaria ali na frente, compramos de ambulantes, a gente vai se virando", diz, enquanto Lia estava no imóvel alugado.

A comoção, segundo ela, começou ainda na abertura da venda dos ingressos para o show. "Como a disputa é grande, minha filha mobilizou toda a família e os amigos, para ver quem conseguia comprar o ingresso online. Quando conseguiu, achei que ela fosse infartar de tanto que chorava. Ela está enlouquecida, e chora toda vez que fala que vai ver a Taylor", contou.

Ao ver a reação da filha, Gleci disse que entendeu que não tinha mais volta e decidiu entrar pra valer na aventura. "Nós trabalhamos numa churrascaria, e conseguimos esses dias de folga, mas a escola ela está perdendo. Liberei porque o estudo ela recupera, já a Taylor, não tem como. Não sabemos quando haverá outra oportunidade", disse.

As chilenas Ninibeth Badilla e Rosemarie Trancoso, ambas de 31 anos, tiraram férias de seus trabalhos para a apresentação da cantora americana no Brasil. É a primeira vez que Badilla verá a artista de perto enquanto a amiga assistiu a uma apresentação da turnê "The Eras Tour", em junho, nos Estados Unidos.

"Eu vou morrer", diz Badilla sobre a expectativa para o primeiro encontro com seu ídolo, após anos de espera.

As duas compraram os ingressos para o show da cantora em São Paulo, que ocorreria em julho de 2020 e foi cancelado devido à pandemia.

Com os créditos da apresentação que não aconteceu, elas pagaram desta vez cerca de R$ 1.300 em cada pacote VIP que dá direito a entrada antecipada no evento, além de brindes.

Elas estiveram na quarta (15) no Engenhão para a retirada dos kits que inclui cartazes, ecobag, ingresso colecionável, adesivos, cartões personalizados e um crachá holográfico.

Com a proximidade das apresentações, o estagiário da OAB, Pedro Rangel, 20, disse que o coração está a mil: "Tenho feito pulseiras da amizade para segurar a ansiedade. Até agora, já fiz 60 e pretendo fazer mais".

Pedro se refere às pulseiras de miçangas coloridas que estão em alta entre os "swifties". Eles criaram a tradição de trocar os braceletes em referência à música "You?re On Your Own, Kid", do álbum Midnights (2022), em que Taylor canta "So, make the friendship bracelets, take the moment and taste it" ?então faça as suas pulseiras da amizade, curta e aproveite o momento.

Pedro disse que vai levar todas as pulseiras para trocar com os amigos que fez na fila. "Isso aqui virou uma família, todo mundo se ajuda, se abraça. É uma energia que vem da própria Taylor, por isso vejo ela como uma figura tão maternal, porque ela é acolhedora", disse o fã que tem a palavra "Reputation", álbum de 2017 da popstar, e também um pedaço da letra da canção "Cardigan" tatuados no corpo.