Luísa Sonza canta Chico Buarque vestida de boiadeira no Lollapalooza 2024

Por LUCAS BRÊDA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Figurinha carimbada nos megafestivais brasileiros no pós-pandemia, Luísa Sonza cantou Chico Buarque e levou um cenário rural ao palco do Lollapalooza. Ela se apresentou na tarde do primeiro dia da edição de 2024 da franquia brasileira do festival americano, nesta sexta (22), no Autódromo de Interlagos.

A garoa, constante desde a manhã, havia dado uma trégua, mas fazia frio na zona sul de São Paulo. Estrela do pop nacional, Sonza se apresentou num dia majoritariamente roqueiro, com Offspring e Blink-182 entre as principais atrações.

Sonza subiu ao palco num look boiadeira, incluindo chapéu de cowgirl e bota, cantando "Não Sou Demais", faixa de "Escândalo Íntimo", seu álbum mais recente, do ano passado. O palco foi decorado com plantas e uma estrutura de madeira na qual a cantora subia e descia ao longo das performances.

Mas apesar do clima sertanejo, o show musicalmente foi calcado no pop da artista, com banda tocando ao vivo e um sonoro naipe de sopro. Apoiada em vocais de base pré-gravados, Sonza em seu repertório pop cantou pouco e dosou os momentos ao microfone com as danças coreografadas, e deixou para soltar a voz nas faixas menos aceleradas.

O palco Samsung Galaxy não estava abarrotado, mas ficou bastante povoado no show dela. Conhecido pelo morro que cria uma espécie de anfiteatro natural, o espaço tinha buracos na plateia, mas o público se distribuiu até as áreas mais altas, longe do palco.

Ela de cara emendou uma sequência de alto teor sexual, incluindo o hit "Modo Turbo" e os singles "Campo de Morango" e "Toma". Sonza alternou essas canções pop, eletrônicas e dançantes com "Luísa Manequim", em que sampleia Abílio Manoel e na qual tocou guitarra, e suas love songs, como "Hotel Caro".

Ainda que o público, em sua maioria, não estivesse louco por ela, era possível ver uma parcela considerável cantando as músicas da artista. O momento de maior coro do público foi em "Chico", sucesso do ano passado calcado no romance da cantora com o streamer Chico Moedas.

Deitada, ela puxou um trecho de "Folhetim", composição de Chico Buarque citada na sua própria "Chico". Depois, pediu que a plateia cantasse junto com ela a versão em bossa nova de sua música, relançada recentemente com arranjos de Roberto Menescal, autoridade no gênero musical brasileiro.

O clima romântico seguiu com as duas partes de "Penhasco", embebidas em drama, e "Melhor Sozinha", parceria com Marília Mendonça. Ela homenageou a rainha da sofrência e tocou guitarra na performance com um pé no brega, momento que melhor dialogou com o cenário sertanejo.

A reta final, já com garoa e frio mais intensos, concentrou os hits pop feitos sob medida para as dancinhas do TikTok -especialidade da cantora. Vieram "Anaconda", "Café da Manhã", "Sentadona", "Braba", "A Dona Aranha" e "Carnificina".

Na última delas, quando Sonza pediu que a plateia se abaixasse para depois pular, ficou evidente a divisão da plateia. Na frente, quase todo mundo obedeceu o comando da cantora, já a multidão mais atrás permaneceu imóvel.

Ela saiu do palco cantando "Lança Menina", que cita "Lança Perfume", clássico de Rita Lee, e falou o famoso meme da cantora -"toda boazinha, toda do bem, tão galera, jovem... chata para caralho". Difícil saber se a sumidade do rock brasileiro aprovaria o uso de sua fala numa entrevista antiga por Sonza -talvez achasse a artista exatamente o alvo de sua provocação.