Livro de memérias retrata a Juiz de Fora dos anos 50

Por

Livro de mem?rias retrata a Juiz de Fora dos anos 50 O footing na Rua Halfeld, o cotidiano de estudos no Stella Matutina e os bailes que marcaram ?poca fazem parte dos relatos minuciosamente descritos em Girass?is


Fernanda Fernandes
Rep?rter
10/07/2008

A escritora Cora Coralina, que publicou seu primeiro livro aos 75 anos, ? uma das maiores refer?ncias da juizforana (nascida no Rio, ? verdade, mas mais juizforana imposs?vel), Maria Jos? Monteiro da Costa. Como a famosa autora goiana, Zez? estreou no mundo das letras depois dos 70 e lan?ou seu primeiro livro, Girass?is, em maio de 2008.

De cunho memorial?stico, a obra faz um retrato da Juiz de Fora da d?cada de 1950. Hist?rias de fam?lia mesclam-se a descri?es detalhadas dos h?bitos e costumes da sociedade mineira da ?poca, trazendo tamb?m informa?es sobre uma arquitetura que j? n?o se encontra mais no centro da cidade.

Publicada com recursos da Lei Murilo Mendes de Incentivo ? Cultura, a obra (foto abaixo) come?a com a descri??o da vinda do pai da autora, Jos? Monteiro Viana, de Portugal para o Brasil, e de sua escolha por viver em Juiz de Fora.

As 123 p?ginas do livro trazem relatos da inf?ncia at? o segundo casamento de Maria Jos?, aos 28 anos. A funda??o do Clube Bom Pastor, os anos de estudo no Stella Matutina e o footing na Rua Halfeld fazem parte dos relatos que caracterizam o que era ser juizforano.

Zez? diz que sempre foi uma contadora de hist?rias. Filhos e netos juntavam-se para ouvi-la. Hoje, quem quiser conhecer um pouco mais sobre a cidade pode ler seus relatos. "Coloquei no livro o que est? em mim. A minha mem?ria. Por isso ? parcial, mas quem viveu a ?poca e leu tem dito que est? tudo muito fiel", diz ela, frisando que os anos 50 eram um tempo de muito romantismo e dos bailes a rigor.

Um desses acontecimentos sociais que marcaram ?poca foi o jantar do Rotary, realizado no antigo Hotel Palace, onde hoje fica o edif?cio Solar, na esquina das ruas Halfeld e Get?lio Vargas. O evento reuniu dois ?cones daquele tempo, o ent?o pol?tico em campanha Juscelino Kubitschek e a miss Brasil Martha Rocha.

O nome do livro veio da obra utilizada na capa, uma pintura de tr?s girass?is feita pelo pai de Zez?, que foi poeta e artista pl?stico da Sociedade de Belas Artes Ant?nio Parreiras. A contracapa traz a tela (foto acima) de outra pintora de destaque na cidade, a russa Katarina S. Zelentzeff, que fez um retrato de Zez?, aos 19 anos, posando com a paisagem do que hoje ? o Bairro Bom Pastor ao fundo.

Leitura em seq??ncia

O pesquisador da hist?ria juizforana Vanderlei Tomaz inclui Girass?is no rol de leituras imprescind?veis para se conhecer a cidade. "O cap?tulo Um passeio por Juiz de Fora traz uma precis?o impressionante sobre pessoas e lugares caracter?sticos dos anos 40 e 50. Dona Zez? foi muito feliz no registro dessas lembran?as e faz com que a obra se torne leitura obrigat?ria".

Para o pesquisador, Girass?is d? seq??ncia a uma trajet?ria que pode ser iniciada com a leitura de Ba? de ossos, de Pedro Nava, passando por Como o tempo passa, de Jos? Rangel, e por Os anos 40 de Rachel Jardim. Vanderlei soma ao livro de Maria Jos? outros recentemente publicados sobre a Juiz de Fora dos anos 50 e 60: Noite passada, de Carlos Pimenta, O esp?rito do S?o Roque, de Ivanir Yasbeck, e A briga na padaria, de Maur?cio Gama.

Zez? come?ou a juntar alguns escritos a partir de uma carta saudosista enviada a uma das irm?s, na qual ela comentava o tempo em que viveram na casa da Avenida Sete. Girass?is foi organizado a partir desse material por Itamar Dias Ferreira, que j? havia sido respons?vel pela publica??o de Olhos d'?gua, escrito por sua m?e, Aparecida Dias Ferreira. Os dois t?tulos formam o in?cio da cole??o Hist?rias do tempo de l?, que busca resgatar aspectos sociais, culturais e pol?ticos de d?cadas passadas.