O ?ltimo Mestre do Ar

Por

Rafael Tavares 20/8/2010

O Último Mestre do ArThe Last Airbender – EUA – 2010 - Direção: M. N. Shyamalan

Adaptar uma obra qualquer para filme é algo complicado. São comuns reclamações em relação à fidelidade do filme à obra original, assim como omissões ou modificações na história são sempre mal vistas por aqueles que a conhecem.

Em O Último Mestre do Ar, M. N. Shyamalan, conta uma história a partir do desenho animado do canal Nickelodeon, Avatar: A Lenda de Aang, onde um garoto encontrado por dois irmãos tem como missão unir os povos dos quatro elementos (Água, Terra, Ar e Fogo), que estão dominados pela tirania da Nação deste último elemento.

Shyamalan, diretor de Sexto Sentido e Sinais, cria uma obra independente do original, o que é, ao mesmo tempo, bom e ruim.

Ao adaptar qualquer obra, seja ela literária ou não, o primeiro e principal público é aquele oriundo do livro ou do desenho, e agrada-los é algo difícil. Nesse caso, O Último Mestre do Ar é, supostamente, feito para o público infantil que acompanha a série animada na TV.

Porém, M. N. Shyamalan deixa de lado alguns elementos-chave do desenho: a espirituosidade, inocência e humor da animação não tem espaço no filme. Todos os personagens são expressivamente amadurecidos e sérios.

O ritmo do filme, sempre muito lento, valorizando o drama e não a ação pode cansar o público infantil, acostumado com montagens mais ágeis. Além disso, o clima épico não corresponde aos filmes que as crianças estão acostumadas a ver e, possivelmente, a divisão em partes, como em Senhor dos Anéis, não vai agradar a esse público.

M. N. Syamalan tenta com O Último Mestre do Ar reinventar-se em um novo gênero, trazendo a sua visão de uma obra já existente, o que é até positivo, mas nesse caso, falha: não cria um filme ruim, mas abre mão do que original tem de bom. O que é um erro.

O Último Mestre do Ar é um filme morno, sem um personagem carismático sequer, algo importantíssimo para uma obra infanto-juvenil.

No final das contas, o peso da obra original prejudica o filme, que se não fosse adaptado, poderia ser analisado – e assistido – sem nenhuma forma de comparação ou expectativa.



Rafael Tavares é diretor, produtor e roteirista audiovisual, formado em Produção Audiovisual e pós-graduando em TV, Cinema e Mídias Digitais