No ano do centenário de seu naufr?gio, Titanic volta aos cinemas
No ano do centenário de seu naufrágio, Titanic volta aos cinemas para ser homenageado em 3D
Em 12 de abril de 1912, um navio gigantesco colide com um iceberg e naufraga nas gélidas águas do Atlântico Norte. O que parecia um roteiro de filme-catástrofe aconteceu, realmente, e tornou-se uma produção cinematográfica colossal e que foi, por doze anos, o maior sucesso de público da história, com mais de 1,9 bilhão de ingressos vendidos, até ser superado por Avatar (2009). E, no ano em que a tragédia completa cem anos, Titanic volta aos cinemas em 3D, para receber as devidas homenagens.
Pouca gente não viu o filme de James Cameron, que, além de ter conquistado o público, recebeu quatorze indicações ao Oscar, vencendo onze, incluindo melhor filme e diretor. Um espetáculo técnico e, às vezes, megalomaníaco, que mescla a intensidade do amor do jovem casal Rose (Kate Winslet) e Jack (Leonardo DiCaprio), e a desgraça do infortúnio que recaiu sobre a tripulação do navio quando foi de encontro ao iceberg.
O filme gira em torno do romance entre a aristocrata Rose, noiva, a contragosto, de um jovem rico, e o trapaceiro Jack, que só consegue embarcar depois de enganar alguns homens em um jogo de cartas. Quando se encontram no navio, a paixão e a afinidade entre eles crescem na medida em que a moça conhece um mundo que nunca havia frequentado. Porém, quando o acidente transforma tudo em uma corrida pela sobrevivência, o amor entre eles, será a única esperança.
Se há um ponto fraco na grandiosa produção de Cameron é o roteiro escrito por ele mesmo, nada mais é que uma fusão de A Viagem de Poisedon com Love Boat. A forma como exagera no melodrama em torno do casal e força nas questões familiares, desvaloriza a crítica às diferenças sociais que existem em um lugar com pessoas de classes diferentes. O filme se enriquece justamente quando o desespero toma conta da tripulação, e as dualidades deixadas de lado na primeira parte ganham destaque, o que é visível quando os lugares nos botes são ocupados, em maioria, pelas pessoas ricas.
Nesse momento, entra em ação todo o talento e perfeccionismo do diretor. A forma em que se preocupou em reconstituir cada detalhe do navio, a insanidade de levar seus atores para o mar gelado para gravar e as inúmeras edições no processo de pós-produção fizeram dessa etapa um show de dramaticidade em meio a recursos técnicos formidáveis. E a combinação de romance e catástrofe, com uma trilha sonora açucarada, comandada pelo hit My hearth will go on de Celine Dion, assegurou toda sua audiência.
Kate Winslet e Leonardo DiCaprio alcançaram um estrelato inimaginável, mesmo tendo uma indicação ao Oscar cada um no currículo. Com o passar dos anos provaram que não se limitariam apenas ao sucesso comercial e provaram talento. O elenco coadjuvante tem a importância de catalisar o exagero romântico introduzido por Cameron, e a veteraníssima Glória Stewart é o ancoradouro que se fazia necessário.
A transposição para o 3D se faz perceptível apenas nas tomadas externas, principalmente na mais famosa do casal na proa, e após a colisão com o iceberg. Entretanto, o pretexto foi mais para fazer uma justa homenagem a um dos percussores dos efeitos visuais e aparatos técnicos bem empregados. Um romance fabuloso, que, mesmo sendo acusado de piegas pela grande maioria daqueles que pagaram ingresso para assisti-lo há mais de uma década, ainda arranca arrepios e lágrimas quando o casal se despede no momento derradeiro.
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Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.