And the Golden Globe goes to...
And the Golden Globe goes to...
Como de costume, o Golden Globe foi algo semelhante a um jantar beneficente, mas com o acréscimo de premiações ocorrendo ao longo da noite. Apesar do clima estar mais tranquilo, se comparado ao da cerimônia de 2018, houve falas de posicionamento contra basicamente uma coisa (ou pessoa, no caso): Donald Trump. Seu nome não foi citado, só que para bom entendedor, meia palavra basta. Ele prega uma dura política de exclusão que, apesar de provavelmente agradar americanos de direita, envergonha o país e sua posição de maior potência mundial, o qual deveria dar o exemplo de um comportamento humanitário, de inclusão, e, até mesmo, de desculpar-se de todo o sofrimento causado à população afrodescendente. De qualquer forma, assistir essas premiações é um grande alívio, porque mostra que tem gente pensando no bem do próximo, sem se preocupar em expor isso publicamente. Num país cuja indústria do entretenimento é muito forte, essas opiniões têm muito peso.
Não me ocuparei aqui de falar sobre os trabalhos para a TV, minisséries ou seriados. Focarei mais em filmes, haja vista que essa é a intenção.
O grande vencedor da premiação, sem dúvida, foi "Roma", do diretor Alfonso Cuarón. A obra é ambientada no México dos anos 70, e tem alguns aspectos de autobiografia. Ele venceu em duas categorias, que foram as de melhor diretor para Cuarón, que já tem alguns prêmios em casa (pelos incríveis "Gravidade" e "O Labirinto do Fauno"), e melhor filme estrangeiro. Pontuo sua condição de grande vencedor, por tratar-se de um filme mexicano, feito por um diretor também mexicano. Deve ter sido delicioso para os americanos que se enojam do presidente que são obrigados a engolir a seco. No entanto, eu não posso ser ingênuo e deixar de dizer que é possível que haja algum lobby da Netflix, haja vista ser dela os direitos de distribuição da obra. Mas foi mencionado em mais de um momento que trata-se de uma obra prima do diretor. Eu sou um fã de carteirinha de Alfonso, então não duvido que seja maravilhoso.
Os outros dois filmes que merecem destaque, já aqui por questões óbvias, são os vencedores de melhor filme nas categorias drama e a de comédia ou musical. No caso, "Bohemian Rapsody" e "Green Book - O Guia". O primeiro também rendeu a Rami Malek o prêmio de melhor ator. Desde a primeira vez que o vi, no seriado "The Pacific", percebi que não veio para a arte a passeio. Ele tem um carão muito interessante, é talentoso, e o papel, como Freddie Mercury, possivelmente lhe renderá um Oscar. "Green Book - O Guia" também levou melhor roteiro e ator coadjuvante, para Mahershala Ali, que já tinha recebido um Oscar de ator coadjuvante por "Moonlight".
Quem pode se tornar um incômodo no Oscar para Rami é o já mais antigo Christian Bale, vencedor no Golden Globe como melhor ator na categoria comédia. Eu tenho um pouco de preguiça do Christian Bale. Sei que é bom ator, mas ele é enjoado, parece metido a besta.
Foi muito comovente ver a emoção das atrizes, quando chamadas a receberem seus prêmios. Glenn Close - drama - Olivia Colmam - comédia - e Regina King coadjuvante. Elas tiveram uma leveza tão tocante ao discursarem sobre seus sentimentos diante do significado do prêmio e de seus personagens. Muito legal. Mesmo.
Foi muito agradável o Golden Globe este ano. Assistir o carismático Jeff Bridges sendo homenageado com o prêmio Cecil B. DeMille. Ver Dick Van Dike já tão idoso junto a sua atual Mary Poppins, Emily Blunt.
O Golden Globe tem uma vantagem, porque ela se poupa de ser politicamente correto, e também consegue ampliar seu leque, porque premia dividindo as categorias em drama e comédia ou musical. A política pode ficar por conta dos premiados, que geralmente o fazem muito bem.