Transexual juiz-forana ingressa na carreira de modelo profissional

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Transexual juiz-forana ingressa na carreira de modelo profissionalFelipa Tavares foi descoberta pelo empresário Sérgio Mattos, responsável por revelar tops como Isabeli Fontana, Raica Oliveira, Daniella Sarahyba e Fernanda Tavares

Clecius Campos
Subeditor
23/11/2011

Ela nasceu com um nome masculino, mas foi como Felipa Tavares que a transexual juiz-forana conseguiu atrair a atenção do empresário carioca Sérgio Mattos, olheiro responsável por revelar top models como Isabeli Fontana, Raica Oliveira, Daniella Sarahyba e Fernanda Tavares. O encontro dos dois ocorreu durante um workshop para modelos principiantes ocorrido na cidade do Rio de Janeiro — onde Felipa vive desde 2004 — e promovido por Mattos. "Passei todo o curso como menina. Ninguém sabia que eu era uma transexual. No final, revelei ao Serginho e ele, que já apostava no meu potencial, enxergou nisso uma oportunidade", lembra a modelo de 25 anos de idade.

Após perceber o talento de Felipa, Mattos, que nunca havia escalado uma transexual para seu casting, apresentou Felipa, durante a festa de sete anos de sua agência de modelos, há cerca de um mês. "Acabei chamando a atenção da mídia e saí na imprensa nacional. Não sei se o Serginho já estava a procura de uma modelo transexual, mas nosso encontro uniu o útil ao agradável. Ele viu que sou alta, magra e encaixo no perfil e, por outro lado, posso ser multiuso para ele, atuando em campanhas masculinas e femininas, aproveitando que o mercado está aberto à androginia."

A aposta deu certo. Felipa, que nunca havia trabalhado como modelo, já participou de desfiles, fez fotos e protagonizará uma campanha publicitária cujo tema será a transexualidade. "Todos os trabalhos estão explorando essa questão. Acho ótimo, pois minha sexualidade permite brincar com o masculino e o feminino, modificar os padrões. A moda sempre buscou pelo novo, pelas coisas diferentes. E o mercado está aceitando isso, a gente vê pelo sucesso da Lea T", afirma, citando a modelo transexual que posou para a grife francesa Givenchy. "Além disso, é uma oportunidade de apresentar uma imagem positiva da transexual."

Vida em Juiz de Fora

Felipa foi criada em Juiz de Fora, no bairro Cidade do Sol, com a mãe e a avó. Ela passou toda a adolescência na cidade, quando começou a perceber que não seria um garoto como os outros. "Desde cedo, eu já mostrava traços femininos. Usava calças justas, unha grande. Um dos meus apelidos era pink e o pessoal já me chamava pelo feminino. Era algo como 'ela está se transformando'."

Em 2004, a mãe de Felipa faleceu e a avó resolveu se mudar para a cidade do Rio de Janeiro, onde moraria com uma tia da modelo. "Eu não quis morar com meu pai, em Juiz de Fora, então fui para o Rio com minha avó. Comecei a faculdade de turismo e trabalhei em um restaurante de comida australiana. Tempos depois, fui viver em Londres, com um ex-namorado, onde trabalhei como recepcionista. De volta ao Brasil, fui caixa de uma boate na capital carioca."

Por todos os locais em que trabalhou, Felipa foi incentivada a ingressar na carreira de modelo. "As pessoas falavam que eu era bonita, alta e magra. Quando um homem olhava muito para mim, morria de medo de ele vir e perguntar se eu era transexual, mas, ao se aproximar, a pergunta era se eu trabalhava como modelo. Meu ex-namorado de Londres sempre me incentivou. Foi a pessoa que mais me deu apoio." Ela afirma estar feliz com a projeção rápida. "Estou orgulhosa. Isso mostra que quando alguém tem um sonho, vale a pena correr atrás."

Já perdeu sete quilos

Felipa tem 1,81 m de altura e 63 quilos. Desde que conheceu Mattos, ela já perdeu sete quilos, em prol da carreira. "Tudo de forma muito saudável. Apenas balanceei a alimentação. Às vezes é bom ter esse lado masculino. Homem emagrece mais rápido", brinca. Sobre o sucesso, a modelo afirma que irá trabalhar para alcançá-lo. "Estou batalhando para ter um futuro legal. Tenho me dedicado ao máximo a cada trabalho que realizo. Não tento fazer 100%, meu foco está em 101% ou 102% de aproveitamento."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken