Busca pela simplicidade é o que traduz a arte japonesa
Busca pela simplicidade ? o que traduz a arte japonesa
Juizforano estuda a arte japonesa para criar os desenhos que
tatua na pele das pessoas
Colabora??o*
01/07/2008
Em arquivo:
H? quatro anos o tatuador Elisandro Ferreira Calheiros estuda a arte japonesa a fim de aperfei?oar seu trabalho. "Eu sempre gostei dos desenhos orientais, s? que antes eu s? fazia c?pias, hoje, crio meus pr?prios desenhos e, algumas poucas vezes utilizo refer?ncias de desenhos que j? existem"
.
Elisandro comenta que os desenhos japoneses s?o muito procurados pelos juizforanos que decidem se tatuar. Segundo ele, a procura acontece mais pela est?tica dos desenhos que s?o sempre muito fortes e coloridos. Mas, para o tatuador, a arte japonesa vai muito al?m da est?tica.
"Os desenhos t?m uma representa??o que ? muito diferente da que estamos acostumados"
. Elisandro explica que drag?es grandes e com chifres, para os orientais n?o representam o mal.
"Para eles n?o existem anjos e dem?nios, s?o todos seres que carregam os dois lados dentro de si e cada ser tem um significado diferente. Os drag?es, muitas vezes representados carregando cristais, s?o guardi?es da sabedoria do universo, as carpas representam prosperidade e evolu??o, porque se transformam em drag?es e cada cor com que a pintamos atrai uma coisa diferente"
, ensina.
Simplicidade
Al?m da simbologia, Elisandro destaca a simplicidade como um dos aspectos mais encantadores da arte japonesa. E se pensar em drag?es coloridos, cheios de informa??o parece incompat?vel com simplicidade, Elisandro ensina que ela est? no processo e n?o no produto final.
"Nem sempre o artista consegue chegar a essa simplicidade, mas ? isso o que ele est? buscando sempre. ? um processo maravilhoso e que leva anos. ? demorado, n?o ? f?cil chegar a esse minimalismo"
. Para ilustrar seu pensamento, o tatuador cita a trajet?ria do pintor holand?s Piet Mondrian (1872-1944), que come?ou com uma pintura muito rebuscada at? chegar ao minimalismo do abstrato.
A tatuagem est? muito ligada ? honra da cultura oriental, que ? uma quest?o muito forte para eles. "Tatuar o corpo seria uma forma de o indiv?duo se fortalecer atrav?s do desenho na pele. O Jap?o tem um lado extremo que me assusta"
, comenta.
"Muito pelo contr?rio, existe um lado mais positivo, leve, de flores, que ? o que mais sai. Esse lado pesado n?o ? muito comercial"
.
Elisandro admite que n?o gosta de tatuar escritos japoneses, mas reconhece que s?o
os mais populares. "Eu prefiro passar essa tarefa para outra pessoa da equipe
porque acredito que tatuagem ? uma coisa e linguagem ? outra. N?o gosto de misturar
as duas coisas"
.
Jap?o em Juiz de Fora
Elisandro acredita que o juizforano j? se rendeu aos encantos da cultura japonesa, sem muitas resist?ncias. "Eu nunca vi o Jap?o t?o em evid?ncia como agora, e acho isso ?timo, afinal, os orientais t?m muita coisa boa para nos oferecer como a acupuntura, a ioga..."
.
Mais do que a base da sua profiss?o, Elisandro v? a cultura nip?nica como parte de sua vida e procura seguir alguns preceitos da filosofia japonesa. "Essa coisa da disciplina, de fazer tudo com calma e bem feito, com paci?ncia ? muito bom. Em especial no mundo capitalista em que vivemos em que tudo ? feito ?s pressas. Acho essa filosofia fundamental para o auto-conhecimento, afinal, j? dizia Buda: 'a maior das guerras ? com voc? mesmo'"
.
Assim como os mineiros se abriram para os costumes nip?nicos, tamb?m mudaram seu ponto de vista em rela??o ? tatuagem. Segundo Elisandro, h? muito tempo a tatoo n?o ? mais vista como s?mbolo de rebeldia. "Hoje ela ? vista com uma forma de arte qualquer e, como toda arte, s? quer dizer coisas boas"
, acredita.
Tanto isso ? verdade que os estudos do tatuador comprovam que a tatuagem japonesa sofreu influ?ncia direta de um grande pintor nip?nico, Hokusai. Apesar disso, o tatuador garante que o seu favorito ? o Horioshi III, tamb?m pintor.
*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social da UFJF