Filhos Ausentes
A saudade aperta quando os pais se v?em ? beira da solid?o
*Renata Silva
22/07/04
|
|
|
A assistente social, Roberta Ferreira de Souza, fala sobre a import?ncia
da presen?a familiar na idade madura.
|
|
|
|
|
|
|
Viver de encontros e desencontros. Essa ? a realidade de muitos pais que, por
um motivo qualquer, n?o puderam estar pr?ximos de seus filhos. As
hist?rias s?o diversas e rendem at? enredo para um best seller. Na verdade, a presen?a de uma fam?lia, seja qual for a sua estrutura real, ?
sempre importante. Dela, abstra?mos a nossa personalidade, os nossos par?metros
de relacionamento e a nossa vis?o de mundo. "O homem ? um ser social", j? dizia
Darwin.
Mas, e quando chegamos ? idade madura e n?o temos nenhum apoio familiar? Essa
? a situa??o de muitos pais que, por circunst?ncias da vida, n?o podem estar
mais juntos de seus consangu?neos. Alguns foram presen?a constante na vida de
seus filhos, outros nem sempre estiveram por perto. E, apesar da experi?ncia de
adquirida, sentem aquele vazio que n?s chamamos de saudade.
A equipe do portal ACESSA.com foi buscar diferentes hist?rias de
pais que vivem longe de suas fam?lias. Fizemos uma visita ao Abrigo Santa
Helena, sob a orienta??o da assistente social, Roberta
Ferreira, e vimos casos de aus?ncia familiar preenchidos com o apoio de
fortes e sinceras amizades.
Marcas do Passado
Cust?dio
Com nada mais, nada menos, do que 96 anos, Cust?dio criou quatro filhos.
Tr?s deles, j? n?o est?o mais vivos, o que traz muita tristeza para o pai.
"Vi minha mulher e meus filhos indo embora e agora estou aqui", lamenta.
Cust?dio conta nos finais de semana, com a presen?a da filha ca?ula, al?m dos
netos e bisnetos. Quando pensa em sua hist?ria, diz que tem m?goas e
alegrias, mas assegura que est? muito satisfeito com o que Deus lhe deu.
Ele diz: "S? pra ter uma id?ia, o abrigo ? de 1915 e eu sou de 1908, j? est?
muito bom, n?o ??" |
|
Ant?nio Jorge
O auxiliar de servi?os gerais, Ant?nio Jorge (foto ao lado), 55, sabe o
quanto foi dif?cil criar o filho Josias. Hoje, ele vive no Abrigo Santa
Helena e entende que a conviv?ncia com o filho n?o seria poss?vel. "Tive um
desentendimento na fam?lia e estou h? sete anos fora de casa", relembra. As visitas familiares n?o acontecem e seu Ant?nio diz j? ter se acostumado.
"Pe?o a Deus por ele e me conformo", lamenta cabisbaixo. Por?m, admite que em seu
?ltimo anivers?rio ficou ressentido e teve que contar com o apoio dos
amigos. |
|
Geraldo Luiz Almeida
Geraldo Luiz Almeida, que est? h? cinco meses no Abrigo Santa
Helena, admite que a saudade existe, mas pode ser controlada. Ele conta que
participou da cria??o de seus dois filhos e que, apesar de n?o estar
presente no conv?vio di?rio, recebe visitas sempre. "Para mim, tanto faz estar aqui como estar em casa", diz consolado. No
entanto, confessa que sempre quer saber tudo o que est? acontecendo na
fam?lia. |
|
Nelson Silva
O vigia, Nelson Silva, 63, acredita que a conviv?ncia com seus quatro filhos foi
muito importante em sua vida. Por?m, afirma que no Abrigo tem um dia-a-dia
mais sossegado: "Aqui eu n?o vejo os problemas da minha fam?lia", diz. Aposentado, Nelson procura uma vida mais tranq?ila e tenta visitar os
filhos durante a semana. "J? estou acostumado com a dist?ncia, mas como
eles moram aqui por perto, entro em contato sempre." |
|
Irani
H? 20 anos separado da fam?lia, Irani conta com a companhia dos amigos
do Abrigo. Durante os finais de semana, recebe visitas de seus irm?os,
apesar de ter dois filhos. Segundo ele, a miss?o de ser pai ? dura, mas d? satisfa??o ao ver que
"cuidei bem deles", diz. |
|
*Renata Silva ? estudante do 6? per?odo de
Comunica??o Social da UFJF.