Associações organizam evento de conscientização no m?s da mulher
Mulheres lutando por diversidade, liberdade e igualdade Uma lição para o 8 de março: o exemplo que vem da periferia de JF
No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico 2010, as mulheres compõem mais da metade da população (são mais de 97 milhões!) e já são responsáveis por manter quase um quarto dos domicílios no país. Mas elas também são protagonistas de cenários marcados por disparates. Se, por um lado, têm conquistado mais espaço no mercado de trabalho, por outro ainda amargam renda inferior à dos homens.
Segundo levantamento divulgado em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ganham em torno de 72,3% do rendimento recebido pelos homens. Diferença que se mantém mesmo com o crescimento da escolaridade feminina, pois a mesma pesquisa do IBGE revelou que enquanto 61,2% das trabalhadoras têm cerca de 11 anos ou mais de estudo - ou seja, pelo menos o ensino médio completo - para os homens este percentual é de pouco mais de 53%.
No mês dedicado a elas, mais que homenagens, também se faz pertinente a ampla discussão dos avanços ainda necessários rumo à equidade entre os sexos. E não é difícil compreender que a necessidade de políticas públicas para as mulheres é crescente à medida que se configura um território onde renda e escolaridade, em geral, são mais baixos: nas periferias, nas zonas rurais e arrabalde. Visando este fim, um grupo da periferia de Juiz de Fora dá o exemplo de cidadania e promove o 1º Encontro de Associações de Mulheres da Zona Sul.
Segundo Elisabete de Paula Martins, membro da organização do evento, o objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade, principalmente o lugar ocupado pela mulher negra, a da periferia, a trabalhadora, a mãe. Com o tema Mulheres da Zona Sul Lutando pela Diversidade, Liberdade e Igualdade, o encontro deve reunir 200 pessoas no Salão da Igreja Matriz de São Pio X, no dia 4 de março, e vai contar com palestras, oficinas e momentos de confraternização.
Elisabete destaca o caráter de valorização e autoestima contido no evento: "Não é só uma questão de gênero. Precisamos conscientizar nossas mulheres sobre seu valor e poder de revolução, de mudança. É uma questão de cidadania, independente de crença, de cor ou de idade", defende a técnica em enfermagem que fala com propriedade sobre a luta feminina.
Bete, como é conhecida, saiu de Barroso (MG) aos 16 anos e trabalhou por 30 anos como empregada doméstica em Juiz de Fora. Buscou sozinha o próprio sustento e o do casal de filhos. Em 2010, aos 46 anos, realizou o sonho de concluir os estudos e se formar em um curso técnico. Hoje, exibe orgulhosa o diploma, é atuante em movimentos populares e coloca-se como exemplo para outras mulheres da periferia que enfrentam realidades tão duras quanto as que já experimentou: "Não podemos desanimar. Passei por situações de preconceito, exploração e muita dificuldade financeira. Agora trabalho na área que formei e estou fazendo mais um curso, de massoterapia. Ainda quero chegar na faculdade. A vida não é fácil, mas é possível. Quero dar meu exemplo", ensina.
Por educação, trabalho, renda e saúde. Por respeito e dignidade. Por diversidade, liberdade e igualdade. Que o empenho e a dedicação de mulheres como a Bete, de mulheres como as da periferia da Zona Sul de Juiz de Fora, possam motivar e nortear mais encontros, mais ações, mais políticas públicas, mais cidadania.
Parabéns às mulheres!
Parabéns, especialmente, àquelas que lutam não só para combater a diferença mas, principalmente, para fazer a diferença!
1º Encontro de Associações de Mulheres da Zona Sul de Juiz de Fora
- 4 de março de 2012, 8h às 17h
- Local: Salão da Igreja Matriz de São Pio X (rua Walter Nascimento Campos, 20, Ipiranga, Juiz de Fora)
- Entrada livre
- Outras informações: (32) 8817-9161 / (32) 8847-4643 /(32) 8801-2295
Organização: Sociedade Pró-Melhoramentos do Bairro Ipiranga; Axé Mulher; Associação de Mulheres de Santa Luzia; Art Mulher
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Aline Maia é jornalista e professora universitária. Graduada e Mestre em Comunicação pela UFJF, tem experiência em rádio, TV e internet. Interessa-se por pesquisas sobre televisão, telejornalismo, cidadania e juventude.Também é atuante em movimentos populares e religiosos.