O segundo turno vem a?... A campanha está aqui
O segundo turno vem aí... A campanha está aqui
Não há isenção. Fato. Mesmo os conteúdos jornalísticos (supostamente pautados pela égide da objetividade) empenham-se em convencer o público sobre qual é a melhor opção para 'o futuro da nação'. Tem sido instigante acompanhar, nas últimas semanas, capas de revistas, manchetes nas bancas, escaladas de telejornais na TV.
Não condeno o posicionamento de um veículo de comunicação a favor de 'A' ou 'B' em um contexto eleitoral. Aliás, acredito ser esta uma forma honesta de alertar o cidadão: "Aqui, você encontrará notícias pró-fulano". O que não compartilho é a falsa ideia de isenção ventilada pela maioria dos jornais quando, na verdade, são extremamente partidários. Afinal, é a informação jornalística que confere visibilidade ao poder e ao mundo.
Ok. Hoje temos mecanismos que podem driblar a hegemonia da mídia de massa, difundindo 'outras verdades' que não têm espaço em um noticiário de TV ou de uma revista de circulação nacional. Mas, ainda assim, é preciso lembrar que são os grandes grupos de comunicação que ainda detém demasiado poder de construção da realidade. É preciso lembrar – como muitos estudiosos de Comunicação já apontaram – que a informação é uma necessidade social.
Em uma sociedade onde o acesso à realidade ocorre prioritariamente via meios de comunicação, o jornalismo, como um processo de estruturação da realidade concreta, é indispensável para a vida moderna: para que homens e mulheres localizem-se no mundo, em seu país, em sua cidade, situem-se diante do conjunto de circunstâncias que os cercam, organizem sua vida a partir do conhecimento das oportunidades que lhes são oferecidas. Haverá cidadãos mais bem informados na medida em que maior for o número de jornais, de meios de informação, bem como mais plurais. Ansiamos por sujeitos mais preparados para tomarem suas decisões, detentores das bases necessárias para fazerem suas reflexões, avaliarem e escolherem seu próprio caminho. Cidadãos de fato! (E não apenas uma produção discursiva com fins eleitoreiros.)
No entanto... Bem, sigo aqui pensando alto, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, acompanhando a campanha nos jornais (o horário político é só aperitivo). Só pensando alto.
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Aline Maia é jornalista e professora universitária. Doutoranda em Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Tem experiência em internet, rádio e TV. Interessa-se por pesquisas sobre mídia, juventude e cidadania. Atuante em movimentos populares e religiosos