Associação Beneficente dos Amigos do Noivo

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Associa??o Beneficente dos Amigos do Noivo (Aban) Uma ONG que n?o faz doa?es a pessoas carentes, mas que oferece uma parceria de est?mulo para que a pessoa conquiste seus ideais


Thiago Werneck
Colabora??o
11/05/07

Se voc? ler ou ouvir o nome da Associa??o Beneficente dos Noivos, Aban, e pensar que essa ? uma ONG que ajuda o casamento de pessoas carentes, se enganou. A institui??o foca seu trabalho nas fam?lias dos bairros e cidades onde atuam e oferecem projetos para pais, m?es e filhos. Hoje, a institui??o atua nos bairros Dom Bosco, Jardim Casa Blanca e Santos Dumont, al?m de ter expandido seu trabalho para Petr?polis e tamb?m para o Rio de Janeiro. No nome da ONG, o noivo representa Jesus .

Ao todo s?o 48 projetos em pr?tica, todos adequados a demandas da comunidade local. H? projetos para manter atividades educacionais para as crian?as, outros que d?o empregos na f?brica, bazares e lojas da institui??o, um para recupera??o de viciados em drogas, projeto para acolher mulheres desempregadas, abrigo para pessoas idosas com c?ncer, entre outros. Todos eles com um ?nico objetivo: levantar a auto-estima das pessoas, atrav?s de seu pr?prio trabalho e for?a de vontade.

"A pol?tica social certa n?o ? aquela que d? o peixe, mas sim a que ensina a pessoa a pescar". Esse ? um ditado que resume bem a filosofia da Aban. N?o h? doa?es para as pessoas da comunidade. Todos recebem notas de uma moeda criada por eles: o Digna. Segundo o presidente da Aban, Renato Lopes, o nome escolhido para moeda vem de dignidade. "Nosso trabalho ? resgatar esse sentimento das pessoas pobres, no sentido mais amplo da palavra. Pobre de dinheiro, de esp?rito, de carinho, estudo... Por isso pagamos para que eles trabalhem, nada ? conquistado de gra?a", ressalta.

Mas que valor tem o Digna? A moeda vale nas mercearias e bazares da Aban e podem ser trocadas por alimentos, materiais de higiene, m?veis e eletrodom?sticos que v?m da doa??o de empresas e de pessoas simpatizantes com a causa. "Nesse sentido sa?mos muito na frente da doa??o de cestas b?sicas, porque incentivamos que eles trabalhem, que produzam, recuperando a estima e acreditando que podem ter ideais e fazer muito mais do que apenas sobreviver de doa?es", destaca Renato.

E ? por ver fraquezas nessas pol?ticas de doa?es, principalmente de cestas b?sicas ? que Aban faz um trabalho diferente. Como exemplo, Renato cita alguns pontos negativos da cesta b?sica. "A pessoa se contenta com a cesta b?sica, sua profiss?o vira ser pobre, porque com esse assistencialismo ele ganha mais sem fazer nada e acaba n?o tendo ideais. Visitando fam?lias de um bairro de Juiz de Fora, descobrimos uma fam?lia que recebia seis cestas b?sicas por m?s. Vendia quatro, ficava com duas e se sustentava com esse dinheiro. N?o havia motivo para eles procurarem emprego", conta.

Renato aponta outro lado negativo da cesta b?sica. "J? viu alguma delas ter um desodorante, um perfume? Tem gente que acha que o pobre s? precisa comer. ? por isso que temos o lema "Conquiste seus ideais". Damos apenas uma for?a, somos parceiros da comunidade resgatando a dignidade e respeito pr?prio dessas pessoas", explica.

Os desafios

O maior projeto da Aban ? conseguir mais recursos para ampliar seus servi?os volunt?rios em outros bairros. Para isso, o primeiro passo ? contar com mais colaboradores no voluntariado e expandir a produ??o de seus produtos fazendo uma empresa hoje pequena, se tornar uma micro-empresa no futuro.

A Aban tem uma f?brica no Dom Bosco que produz velas decorativas, desinfetantes, e agora tamb?m h?stias para igreja. Os produtos s?o vendidos nos bazares e na Loja Amigos, marca da institui??o. Para concretizar esse ideal a Aban j? tem parcerias com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e com outras institui?es e aguarda a resposta do mercado para seus produtos.

"Nossas contas s?o muito baixas. Gastamos com despesas fixas n?o mais que R$ 3 mil para tocar 48 projetos. Isso d? cerca de R$ 60 para cada um deles, ? muito pouco. Temos um jornal que distribu?mos nas comunidades e para as pessoas que fazem doa??o. Nele temos o nosso balan?o financeiro que comprova toda nossa idoneidade", afirma Renato.

Cerca de 70% das despesas da Aban s?o pagas atrav?s de doa?es, 15% com a receita dos produtos vendidos e outros 15% com as vendas de artesanato e bijuterias que acontecem nos quatro bazares da institui??o. S?o os "Bazares Amigo": dois no Dom Bosco, um na rua Monsenhor Gustavo Freire, no S?o Mateus e outro no bairro Santos Dumont. S?o neles tamb?m que s?o encontrados os m?veis e eletrodom?sticos usados que podem ser trocados por Dignas.

Em alguns casos a Aban, fecha parcerias com institui?es p?blicas como creches para utilizar o espa?o. Os interessados em doar alimentos, produtos de higiene, m?veis ou eletrodom?sticos devem ligar para o (32) 3232-6957, que eles mandam um ve?culo buscar a doa??o.

Como participar

Hoje, a Aban conta com 200 volunt?rios e atende 160 crian?as nos tr?s bairros em que atua em Juiz de Fora e cerca de 170 fam?lias em suas seis sedes na cidade e as duas no estado do Rio de Janeiro.

Tanto para ser volunt?rio, como para ser assistido pela comunidade a pessoa deve ir pessoalmente at? a Loja Amigos, na rua Tavares Bastos, 21, no S?o Mateus, atr?s da igreja que leva nome do bairro e informar seu interesse. Pode ainda ligar para loja, tamb?m atrav?s do telefone (32) 3232-6957.

Para contar com ajuda da ONG e poder receber seus Dignas o interessado passa por uma entrevista onde fica definido qual seu perfil. A partir da?, a Aban escolhe em qual dos projetos ele vai se adequar melhor e ? s? arrega?ar as mangas e come?ar a trabalhar. A cada uma hora de ocupa??o, um Digna a mais para o bolso.

E para quem acha que as vagas dos projetos j? est?o esgotadas se engana. Segundo Renato, n?o h? limites de vagas. "Quem quiser ? s? vir participar, temos vagas para todos. O ?nico requisito ? que seja de um dos bairros em que atuamos, porque acompanhamos todas as fam?lias mensalmente para conseguirmos melhor resultado com o projeto. N?o tem desculpa nenhuma para n?o fazer parte do projeto, quem precisar de novos rumos ? s? nos procurar", observa.

Hist?ria

O ideal da Aban ? mostrar que a solu??o est? nas m?os das pr?prias pessoas. Basta acreditar, agir e nunca cair no conformismo. Tudo come?ou a partir dessa filosofia. "Como freq?entador de uma mil?cia da igreja t?nhamos reuni?es freq?entes em bairros carentes da cidade e sempre eu ouvia esse tipo de reclama??o: n?o temos oportunidade, ningu?m nos ajuda. E eu provocava dizendo que se eles quisessem a vida deles poderia mudar. E foi dessas conversas que montamos o projeto", conta.

Essa provoca??o que leva cada pessoa da comunidade a chamar a responsabilidade para si, ? que motivou o uso de amigos do noivo, ao inv?s de apenas amigos. "Com esse nome queria que todos perguntassem o que ele se significa, se incomodassem e questionassem para conhecer a hist?ria importante que deu origem ao nome", diz Renato.

O ?nico problema com o Noivo no final ? a confus?o causada pelas pessoas que, na maioria das vezes, acredita que tem algo a ver com casamento. "J? criamos uma nome fantasia que queremos divulgas a partir de agora. S? falamos Associa??o dos Amigos, justo para evitar confus?es", completa Renato.

O porqu? do nome

Fonte: ABAN

*Thiago Werneck ? estudante de jornalismo da UFJF