empregada doméstica agredida no RJ vem a Juiz de Fora
Empregada agredida no Rio faz palestra em JF
Cerca de dois meses depois de ser espancada por cinco jovens da
classe m?dia alta sem qualquer motivo, Sirlei fala sobre cidadania
Colabora??o*
13/08/2007
Quase dois meses depois de ser espancada por cinco jovens da classe m?dia, em um ponto de ?nibus, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a empregada dom?stica Sirlei Dias de Carvalho Pinto (foto) est? em Juiz de Fora. Ela vem ? cidade para dar um exemplo de como sua vida se transformou depois do ato de selvageria que marcou sua vida.
No bra?o direito e no olho esquerdo as marcas da viol?ncia ainda est?o presentes em Sirlei, que se emociona ao lembrar da brutalidade dos jovens."Eu posso at? estar rindo, mas por dentro eu choro. Sempre que lembro do que aconteceu fico muito mal. Mas prefiro usar esse meu problema e encar?-lo para evitar que novas pessoas sejam v?timas", relata.
Para Sirlei a vida nunca mais ser? a mesma. O medo de ficar sozinha e de que algo parecido volte acontecer transformaram sua vida. "Quando chego em
casa vasculho todos os c?modos para ver se n?o tem algu?m escondido. Me sinto
vigiada 24 horas por dia"
, conta.
A empregada dom?stica est? afastada do servi?o, com uma licen?a do INSS que vai at? o dia 30 de novembro. Quando esse per?odo acabar, o trauma das agress?es, impede que ela retorne ao antigo emprego. "N?o quero passar naquele local nunca mais. Tudo aconteceu na porta do meu trabalho"
, destaca.
Futuro
"Gosto de direito e quando
passava na porta da OAB para ir ao trabalho via aquelas mo?as bem vestidas. Achava
que nunca poderia atingir o lugar delas, mas agora eu acredito nisto e vou estudar para me formar em direito"
, destaca.
Por enquanto, a dedica??o fica por conta do trabalho social. "Quero que minha
imagem sirva com exemplo. Todo mundo sai perdendo com esse tipo de agress?o. Eu,
minha fam?lia, os agressores e fam?lia deles tamb?m. Espero que dando palestras
conscientize os jovens sobre os danos da viol?ncia, para que outra pessoa n?o
venha a passar pelo que passei"
, destaca.
Sirlei participa de palestra na cidade junto com a advogada K?tia Lage Mariz autora do livro Brasil - Cidadania, Instrumento Liberdade - e com o advogado do escrit?rio que a representa, Ricardo Mariz. O evento que faz parte da Aula Inaugural do CES/JF acontece nessa segunda-feira, dia 13 de agosto, no N?cleo de Forma??o Humana Crist? (FHC) e ? aberto a comunidade.
Ser? debatido o tema?Direitos e Cidadania?. K?tia vai falar sobre ?tica e moral e aplicabilidade disto dentro da cidadania.
"Vou abordar o tema geral que j? vem no livro. Temos que nos unir para mudar esse quadro em que se encontra o Brasil. Falta de limites, sem objetivos, com impunidade. Um momento hist?rico em que o lado cidad?o de cada um tem que ser resgatado", ressalta.
O caso na justi?a
"Em vez de les?o corporal grave, eles deviam responder por tentativa de homic?dio. Os golpes foram todos na cabe?a
e isso mostra uma inten??o que vai al?m do que machucar"
, destaca.
Dos acusados, tr?s pediram habeas corpus para responderem o processo em liberdade,
mas o pedido foi negado pela justi?a. Eles ainda podem recorrer junto a inst?ncias
superiores, mas para o advogado eles n?o devem ter ?xito. "A exposi??o p?blica
desse fato foi muito grande. A press?o popular ? forte e esse clima de impunidade que
temos no pa?s faz press?o para que a justi?a n?o pegue leve com os acusados"
,
acredita.
Na quest?o c?vil, o carro usado no dia do crime e dois quiosques de praia no Rio de
Janeiro est?o bloqueados para que possam arcar com uma poss?vel indeniza??o. "Ela teve o sal?rio reduzido porque o INSS n?o cobre tudo. Seus trabalhos extras
de fazer bolo, salgados e de ser diarista foram interrompidos. Ela ter? que ser
ressarcida desses preju?zos"
, destaca.
"Mas de forma alguma a Sirlei pensa em enriquecer por conta disso. Vamos cobrar a indeniza??o justa. O trabalho dela ? pesado e n?o ela est? h? tempos
sem exrc?-lo por conta dos ferimentos. H? poucos dias ela retirou o gesso do
bra?o"
, conta Ricardo.
A expectativa dos advogados ? de que haja uma puni??o exemplar para que novos casos n?o aconte?am. "A falta de limite imposta pelos pais aos filhos e a crueldade da agress?o s?o dois fatores que n?o podem se repetir. Esperamos que
eles peguem cerca de 15 anos de pris?o e cumpram cinco, j? que a lei permite a liberdade com um ter?o da pena respeitado. Mas, esperamos que eles sirvam de exemplo para que o caso n?o se repita"
, ressalta Ricardo.
*Thiago Werneck ? estudante de Comunica??o Social da Universidade Federal de Juiz de Fora