H? 14 anos, projeto conta histérias para crianças na Santa Casa

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H? 14 anos, projeto conta hist?rias para crian?as na Santa Casa

Há 14 anos, projeto conta histórias para crianças internadas na Santa Casa

O objetivo é suavizar os momentos difíceis vividos pelos pacientes e familiares com histórias, doações de livros e alegria. O encontro ocorre às segundas-feiras

Nathália Carvalho
Repórter
8/9/2012

Toda segunda-feira é dia. Dia de contar histórias, de brincar e de colorir. Para quem passa os dias internado em um hospital, além das dificuldades dos tratamentos de problemas de saúde, muitas vezes as horas parecem não passar. Pensando nisso, há 14 anos nasceu a ideia do projeto Trabalhando com histórias e arte, no qual um grupo de pessoas tira um tempinho da semana para contar histórias para as crianças internadas no setor de pediatria do Hospital Santa Casa, em Juiz de Fora.

Com o slogan Livro com magia, sorriso com alegria, o objetivo é suavizar os momentos difíceis vividos tanto pelos pequenos quanto pelos próprios pais, que ficam ao lado nesta jornada. A professora aposentada Nirleis Stocco Barquette, de 66 anos (foto acima, à direita), participa da ação solidária há cerca de 10 anos e contou ao Portal ACESSA.com quais são as armas utilizadas para encher a instituição de sorrisos. "Levamos carinho, dedicação, histórias, conversas, músicas e tudo mais que se faz com o coração para alegrar aquelas crianças."

Segundo Nirleis, atualmente o projeto conta com a participação de seis pessoas, sendo que algumas revezam semanalmente. Além dela, a professora Rita de Cássia Fazza e a enfermeira Ângela Teixeira estão todas as segundas-feiras, das 19h às 20h no local. Elas têm uma sala própria, onde organizam o espaço para receber as crianças. "Chegamos lá e começamos a chamar a garotada e os pais que quiserem participar. Contamos vários tipos de histórias de livros infantis e contos tradicionais. Às vezes pego umas na internet e outras conto as que já sei de cabeça", comenta.

A decoração também é por conta delas. Enchem de bolas, enfeites e ainda levam desenhos relacionados com a história do dia para as crianças colorirem depois. "Fazemos também muita distribuição de livros e recebemos doações de papelarias e bancos. Já ganhamos kits com mais de 280 obras uma vez e ficamos com um bom estoque. Não falta livro, mas estamos sempre buscando mais doações."

Em datas comemorativas, como Natal, Páscoa e Dia das Crianças, por exemplo, a voluntária Cleide Rodrigues Mendes se fantasia de coelhinho, Papai Noel e outros personagens infantis para levar ainda mais descontração. "Nestas ocasiões, entregamos livrinhos de histórias, guloseimas, bolas de soprar e brinquedos. Tomamos o cuidado de fazer alguns kits com comidas dietéticas, para aquelas crianças com diabetes, por exemplo", explica.

Projeto que já virou história

A voluntária conta que a história do projeto começou em 1998, quando uma professora da cidade ficou com uma filha internada no hospital. Percebendo que as horas demoravam muito para passar, ela resolveu criar uma atividade alternativa para entreter aqueles pacientes e suas famílias. "Por mais que viessem médicos, enfermeiros e visitas, é uma situação muito difícil de viver, ainda mais para uma criança", explica Nirleis.

Inicialmente, a ação era trabalhada às terças-feiras e ela lembra que já contou com a participação de 20 pessoas ao mesmo tempo. "Depois de um tempo no hospital, infelizmente a filha da criadora do projeto veio a falecer. Mas reunimos outras professoras e demos continuidade ao trabalho", comenta. Ao longo deste tempo atuando no local, a história desse grupo já ficou conhecida e alguns pacientes ficam aguardando ansiosos pela pausa alegre da semana.

Comoção

E ainda durante este tempo, a professora comenta ter conhecido muitas famílias e histórias de vida diferentes, com alguns casos tristes e outros com finais felizes. "São muitas pessoas que passam por lá e tentamos atuar também como apoiadoras das mães, que nos procuram às vezes para poder apenas conversar um pouco."

Ela diz ainda ter visto diversas histórias comoventes, como a de um bebê que permanecia constantemente internado por problemas de saúde. "Ele era muito pequeno, mas já prestava muita atenção nas nossas histórias. Nunca tinha visto o mundo lá fora, e o que conhecia era aquilo que levávamos para ele, ou seja, nossas historinhas, desenhos, figuras e claro, o carinho", conta.

E, para ela, a satisfação está exatamente em trazer alegria para essas pessoas. "Damos uma horinha do nosso tempo para fazer uma coisa útil, agradável. Vemos o sorriso deles, a gratidão dos pais e é esse sentimento que nos leva até lá."

Para ajudar

Desde que iniciou no projeto, Nirleis sempre tentou conseguir outros voluntários para atuar na causa. Segundo ela, quanto maior a participação, melhor eles atenderiam as crianças e em maior tempo, revezando também os trabalhos. Além disso, outros parceiros e a própria Santa Casa dão apoio ao projeto com doações.

Quem interessar em ajudar ou quiser outras informações sobre o projeto e como participar, é só entrar em contato com o Hospital Santa Casa, por meio do telefone (32) 3229-2100 e procurar a ala da psicologia ou assistência social.

Os textos são revisados por Mariana Benicá