Curso de mobilidade para cegos

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Curso de locomo??o para pessoas com defici?ncia visual A quantidade de professores ? pequena para tanta procura. Quem quiser fazer o curso precisa ficar na fila de espera e aguardar ser chamado


Thiago Werneck
Rep?rter
13/12/07

Ser independente e andar nas ruas sem ajuda de um guia e sem se preocupar com os obst?culos da cal?ada. Essa ? maior conquista das pessoas que possuem defici?ncia visual e que fazem o curso de locomo??o na Associa??o dos Cegos (conhe?a o trabalho da Associa??o).

Tudo come?a dentro da institui??o e depois, aos poucos, os alunos s?o levados para o centro de Juiz de Fora, v?o conhecendo os quarteir?es e aprendendo a andar no meio a v?rias pessoas na cal?ada sem esbarrar e correr riscos de trombar em algum lugar.

Segundo a professora que aplica o curso, Terezinha Izabel da Silva (foto abaixo), quem aprende a andar no centro de Juiz de Fora, se locomove por qualquer outra cidade do pa?s. "Tivemos um aluno aqui que trabalhou percorrendo a principais ruas de Bras?lia fazendo cobran?as", relata.

Atualmente, s?o cerca de 15 pessoas com defici?ncia visual a espera de uma vaga para fazer o curso. S?o apenas duas professoras, com os hor?rios todos comprometidos. "? grande o n?mero de pessoas com defici?ncia visual a espera de uma vaga. Os hor?rios est?o todos preenchidos e o n?mero de professores ? insuficinte para a demanda", comenta Terezinha.

O curso ? individual e o tempo de aprendizagem varia entre os alunos. "Alguns t?m mais facilidade, outros demoram mais para se acostumar", conta Terezinha. Quem completou o curso mais r?pido, o fez em cinco meses em treinamento, mas outros ficam at? mais de um ano para se acostumar.

Sobre o curso

A professora explica que o curso de orienta??o e mobilidade para a pessoa que possui defici?ncia visual, "proporciona habilidade de conhecer seu ambiente e mover-se mais livremente pelo uso de t?cnicas espec?ficas, adquiridas atrav?s da aprendizagem e aplica??o".

O primeiro passo ? ensin?-los a andar com um guia. Basicamente, eles aprendem a como segurar o bra?o da pessoa, a se sentar, procurar objetos que caem na rua, passar por portas e locais estreitos, se acomodar em locais como teatros e cinemas e a mostar que querem trocar o bra?o pelo qual est? sendo guiado. "Iniciamos nas depend?ncias da institui??o com o uso das t?cnicas: como andar com guia, passagem estreita, mudan?a de lado, rastreamento, subur e descer escadas com o guia, como se assentar ? mesa, como utilizar a bengala, subir e descer escadas com o uso da bengala e tamb?m escada rolante", explica Terezinha.

Depois, ? hora de saber manusear a bengala. Segundo Terezinha, essa ? uma das partes mais complicadas do curso. "H? todo um jeito certo de se pegar nela e de mex?-la. O bra?o n?o move, ela tem que ir de um lado para outro apenas com movimento do punho. Isso alguns demoram para pegar", conta. Nessa parte das aulas, o portador de defici?ncia visual aprende como subir e descer escadas normais e tamb?m rolantes. Com a ajuda da bengala ? poss?vel andar sozinho dentro da Associa??o dos Cegos: sempre perto da parede e fazendo um rastreamento com a bengala.

A fase mais dif?cil e mais importante ? quando eles come?am a sair para rua. "Eu os conduzo primeiro no quarteir?o em volta da Associa??o. Vou falando tudo que est? a volta dele e quando ele se sente seguro, os deixo andar sozinhos", explica Terezinha.

Antes de caminhar pelo centro da cidade, os alunos recebem orienta?es dos locais em que v?o andar, atrav?s de um mapa em alto relevo que fica em das salas da Associa??o dos Cegos.

A cada evolu??o do aluno ele conhece um novo quarteir?o. Desde a Associa??o dos cegos, que fica na Avenida dos Andradas eles t?m aula que passam por todos os quarteir?es at? chegar a Avenida Independ?ncia. Como avalia??o final andam pela Avenida Get?lio Vargas. "No decorrer desta trajet?ria ele vai adquirindo seguran?a e tornando mais independente poss?vel. De acordo com os seus limites", esclarece a professora.

Esse cronograma ? realizado aos poucos, seguindo o mesmo momento em que o aluno ganha confian?a. "Vejo que ele est? andando bem e solto mais um pouco. Na Get?lio sempre ? mais dif?cil, quando eles ficam aptos a andar todo o centro de Juiz de Fora est?o prontos para serem independentes", observa Terezinha.

Como tratar uma pessoa com defici?ncia visual?

Um dos objetivos da Associa??o dos Cegos, para 2008, ? lan?ar uma campanha que oriente as pessoas de como agirem diante de um portador de defici?ncia visual. "Ningu?m tem culpa de n?o saber tratar e, por isso, queremos come?ar a divulgar, porque acontece cada coisa...", destaca Terezinha.

Um dos casos mais comuns ? quando junto com um guia o cego vai at? uma loja. Segundo Terezinha, a maioria dos atendentes se dirige indiretamente ao portador de defici?ncia visual. "Eles perguntam para mim: o que ela vai querer? Eu digo: pergunta para ela. A pessoa tem que estar preparada para se dirigir diretamente a eles".

Outro exemplo acontece no ponto de ?nibus. Terezinha conta que alguns chegam a ficar horas esperando um coletivo, depois de pedir para algu?m avisar quando o ?nibus que ele quer pegar chegou. "Acontece que a linha da pessoa passa primeiro e ela n?o avisa que foi embora. O deficiente fica esperando a informa??o e mal sabe aquele para qual pediu ajuda, j? foi embora h? tempos. Custa avisar ou deixar essa miss?o para outro?", questiona.

Os portadores de defici?ncia visual que quiserem fazer o curso podem procurar a Associa??o dos Cegos e colocar o nome na lista de espera. J? aqueles que querem saber como se tornar um professor de locomo??o devem procurar a entidade que esporadicamente oferece cursos na ?rea.