Casa de Cultura Evailton Vilela resgata a auto-estima de moradores da cidade
Casa Evailton Vilela resgata a autoestima de moradores O local, que funciona no bairro Santa Efigênia, atende cerca de 600 pessoas e oferece oficinas diversas, como hip hop e balé
Repórter
15/8/2009
"Não queria enxergar os problemas sociais e permanecer passivo diante deles." É dessa forma que Jefferson da Silva Januário, o Negro Bússola (foto ao lado, à esquerda), como é mais conhecido, explica a fundação da Casa de Cultura Evailton Vilela, onde exerce a função de presidente. "Nossa intenção é oferecer cultura, entretenimento, esporte e lazer. A sociedade civil, quando motivada, acaba preenchendo a lacuna criada devido à omissão do poder público", completa.
O local, que funciona no bairro Santa Efigênia, foi criado em abril do ano passado e atende, atualmente, cerca de 600 pessoas, com idades que variam de 4 até a terceira idade, vindas de diversos bairros da cidade.
O espaço oferece oficinas de hip hop (grafite e break), balé, dança de salão, street dance, canto, violão, artesanato, capoeira, karatê, informática, alfabetização, pré-vestibular (em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora), línguas (inglês e espanhol) e culinária. A maioria dos instrutores, cerca de 16, trabalha de forma voluntária. A Casa de Cultura conta, ainda, com uma biblioteca, destinada a consultas e pesquisas.
Para fazer parte das oficinas, é preciso que o interessado faça um cadastro e aguarde a vaga. "O tempo entre o cadastro e o início das aulas costuma não ultrapassar três dias. Nossa intenção é oferecer oportunidade a um maior número de pessoas possível, porque trabalhamos diretamente com o resgate da autoestima", ressalta o vice-coordenador da Casa de Cultura, Rafael Toti (foto acima, à direita).
Para frequentar as oficinas, os alunos pagam uma taxa simbólica, que varia de R$ 3,00 a 10,00, utilizada na manutenção do espaço. "Como lidamos com a população de baixa renda, nem todos têm condições de efetuar o pagamento mensal, mas não é por isso que deixam de realizar as atividades. O espaço é aberto a todos e nossa intenção é permitir que as pessoas tenham contato com formas de culturas diferenciadas", destaca Toti.
Para o instrutor de informática, Cleizimar Aparecido de Paulo, morador do bairro de Lourdes, a oportunidade que os atendidos têm é única. "Acho importante compartilhar aquilo que sei fazer. Saber que a inclusão digital contribui para o crescimento pessoal e profissional de cada aluno é muito gratificante."
A aluna da oficina de balé Marcella Martins de Almeida, moradora do bairro Parque Independência, conta que a oportunidade de fazer as aulas tem despertado interesses futuros. "Sempre achei que balé fosse coisa de meninas ricas, mas, hoje, não penso assim. Adoro participar das aulas e quero ser professora de balé."
Mãe de outra menina que participa das aulas de balé, Jakeline Aparecida Benedito, moradora do bairro Santa Efigênia, vê o local como uma oportunidade de lazer e cultura. "É maravilhoso poder contar com um espaço como esse. As crianças carentes do bairro não tinham o que fazer, o que mudou depois da inauguração da Casa de Cultura."
"Apesar das dificuldades, como as financeiras, tenho alunas que têm um talento nato, mas não teriam chance de desenvolvê-lo se não fosse este local", destaca a professora de balé Glasiele Barra, que faz parte do projeto desde fevereiro.