Efetivação de políticas públicas em prol da população idosa é cobrada em audiência pública

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Quinta-feira, 18 de março de 2010, atualizada às 18h24

Efetivação de políticas públicas em prol da população idosa é cobrada em audiência pública

Clecius Campos
Repórter

A solução para o combate a abusos físicos, psicológicos, financeiros, abandono e negligência contra idosos foi o principal tema de audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira, 18 de março, na Câmara Municipal. Preocupados em buscar soluções, representantes de entidades defenderam a efetivação de políticas públicas em prol da população idosa.

A integrante do Comitê da Cidadania, Zeneida Terezinha Delgado, solicitou que a marcação e a realização de exames priorizassem os idosos, considerando a dificuldade de locomoção. "O ideal seria a presença de uma equipe geriátrica no Programa de Saúde da Família, para que a terceira idade tivesse mais comodidade. Outra alternativa é a coleta de amostras para exames em casa e a criação de alas especiais para os idosos nos hospitais públicos."

O secretário executivo do Conselho Municipal de Saúde, Jorge Ramos, solicitou a ajuda da Câmara para a melhor estruturação do Plano Municipal de Saúde. "O conselho recebeu o documento das mãos da Secretaria da Saúde e precisa se debruçar sobre ele. Peço que os vereadores possam fazer um apanhado de leis municipais referentes ao idoso, para que possamos dar mais atenção à terceira idade, no apoio ao estudo do plano."

A chefe do Departamento de Atenção à Terceira Idade da Secretaria de Saúde, Estela Camilo, afirma que é necessária a mudança de postura no atendimento. "As pessoas estão acostumadas a procurar os serviços de saúde para tratar a doença, mas na verdade elas precisam se preocupar com o tratamento da saúde. A medicina evoluiu em aparatos de exames laboratoriais e equipamentos ambulatoriais caríssimos e se esqueceu da atenção primária, de suma importância para o idoso." Estela informa que a cada ano 200 mil brasileiros se tornam idosos.

A superintende da Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC), Maria José Sinhoroto (abaixo, à esquerda), acredita que o envelhecimento da população tem transformado as políticas públicas no país. Para ela, a garantia e a promoção dos direitos dos idosos precisam ser trabalhadas em rede e de forma descentralizada. "O Centro de Convivência do Idoso atende hoje a 400 pessoas por dia e tem mais de 4.380 beneficiados cadastrados. Isso ocorre porque o atendimento é realizado em sete bairros, além da parceria com os Centros de Referência de Assistência Social [Cras]."

Maria José cita ainda o programa de Proteção Social Especial de Média Complexidade, que assessora as 16 Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) em Juiz de Fora. "Hoje há 503 idosos institucionalizados na cidade, o que representa 1% da população. Nossa missão é garantir o trabalho e a potencialidade dos maiores de 60 anos dentro dos asilos." Além disso, ela aponta a atuação do CREAS Idoso-Mulher no apoio a pessoas vítimas de qualquer tipo de violência. "Não só o atendimento social e psicológico é garantido, como também a resolutividade de casos, em parceria com o Ministério Público."

No ramo do transporte e trânsito, o subsecretário de Mobilidade Urbana, Carlos Eduardo Meurer (acima, ao centro), aponta a acessibilidade como o principal caminho a ser seguido. "O município formula uma política municipal de acessibilidade, considerando legislação federal que dê suporte aos módulos do projeto. A intenção é adequar a cidade à legislação vigente e lançar em breve o Programa Juiz de Fora Acessível, que dará capacidade a todos os portadores de necessidades especiais, incluindo os idosos." Entre os tópicos do programa está a eliminação de barreiras físicas em vias públicas, edificações públicas e coletivas. A intenção é cadastrar todas as barreiras físicas da área central e propor medidas de adequação.

Ainda no setor do transporte, Meurer lembra da destinação de 45 vagas de estacionamento público para idosos, em fase de implantação. "Até abril, terminaremos toda a sinalização horizontal que ainda precisa ser feita." Cerca de 450 idosos estão credenciados na Prefeitura para tais vagas disponíveis na área azul. Para solucionar o problema de educação no trânsito, principalmente no transporte público, Meurer informa que a administração já realizou palestras e ações de sensibilização, com apresentação de peças teatrais, para 950 motoristas e cobradores da cidade, pelo bom relacionamento entre idosos e operadores do transporte.

O presidente do Conselho Municipal dos Direitos dos Idosos, Edgar Schimidt (acima, à direita), considera o atendimento prioritário e imediato a maiores de 60 anos em locais de atendimento ao público, seja da esfera do governo ou da esfera privada, uma importante causa. "Recentemente me acidentei e tive que procurar o Hospital de Pronto Socorro. Assim que cheguei, pedi o atendimento imediato, mas a atendente se negou, dizendo que ali era todo mundo igual. Fiz valer meus direitos, quando pedi que ela chamasse o responsável pelo hospital e só assim fui atendido com rapidez. Se não formos firmes, não teremos condição de fazer valer nossos direitos."

Os textos são revisados por Madalena Fernandes