Falta de gentileza no transporte gera reclamação dos idosos

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Falta de gentileza no transporte gera reclamação dos idososEntre as reclamações estão a falta de paciência dos profissionais e o uso de termos pejorativos quando eles se referem aos mais velhos

Carolina Gomes
Repórter
24/7/2010

Após trabalhar durante anos e adquirir alguns direitos, os idosos têm dificuldades para conquistar a gentiliza e educação por parte de alguns profissionais do transporte público de Juiz de Fora. Entre as reclamações estão a falta de paciência dos profissionais e o uso de termos pejorativos quando eles se referem aos mais velhos.

A aposentada Maria Delurdes Faini, de 67 anos, moradora do bairro Democrata, reclama que alguns motoristas de ônibus se recusam a parar no ponto, quando o sinal é dado por um idoso. "Se estamos com a carteirinha na mão, muitos nem param", declara. Ela afirma que, além desse fato, alguns ainda faltam com o respeito, debochando, rindo e usando termos pejorativos. 

Essa realidade é vivida por boa parte da população idosa de Juiz de Fora. A falta de paciência e o desrespeito dos profissionais do transporte público é motivo de reclamação entre os maiores de 65 anos, que utilizam a porta da frente do ônibus como entrada.

Waltencir Parizzi, de 79 anos, usa o transporte público constantemente. Apesar da idade, ele tem facilidade de se locomover e não tem problemas relacionados à acessibilidade. Porém, quando o assunto é a educação, a história é outra. "Alguns motoristas são muito mal educados. Eles chegam a chamar os idosos de jacaré", relata ele, referindo-se ao fato de terem dificuldade de locomoção.  Waltencir ressalta que alguns idosos precisam de transporte público para ir ao médico e receber pagamentos, e muitos deles têm dificuldades motoras o requer paciência e, principalmente, respeito.

A gerente de RH da Astransp, Cláudia Ferreira, informa que anualmente é realizado um treinamento com todos os motoristas e cobradores do transporte coletivo da cidade. Na oportunidade, um dos pontos abordados é a gentileza e a educação. "O número de reclamações sobre este ponto não é grande. Se hoje temos dez, pretendemos zerá-las", afirma.

Inversão de fluxo

A partir do dia 2 de agosto, até o dia 15 de dezembro, os coletivos da cidade passarão por alteração no fluxo de embarque e desembarque dos passageiros. O embarque passará a ser feito pela porta dianteira e o desembarque pela porta traseira.

No intuito de facilitar o acesso dos idosos, que têm direito ao passe livre, a Astransp providenciou o Cartão do Idoso, que permite àqueles com mais de 65 anos passar pela roleta, sem pagar por isso. Esta mudança tem sido motivo de dúvidas por parte de alguns idosos, que acreditam que essa novidade irá dificultar o acesso. "Acho que isso não vai ser muito bom. Imagina se o ônibus está cheio e o idoso ter que passar por todo mundo para descer pela porta de trás", declara a aposentada Nilzia Melo.

A gerente da Astranp ressalta que o Cartão do Idoso não é obrigatório e que a parte dianteira dos coletivos, antes da roleta, será reservada para idosos e deficientes físicos, com bancos preferenciais. "Aqueles que não quiserem fazer o cartão, podem continuar usando o documento de identidade, sem problemas. Contudo, terão que entrar e sair pela porta da frente, mesmo que a parte de trás esteja fazia."

Para Maria Delurdes, o fato de todos os idosos utilizarem o mesmo acesso pode ajudar a diminuir a discriminação, já que todos entrarão juntos no ônibus. "Acho que com todos usando a mesma porta de entrada os motoristas não ficarão perguntando qual a nossa idade, nem fazendo piada", declara. Porém, há quem acredite que os idosos ficarão em desvantagem, principalmente em horários de pico, uma vez que, pela dificuldade de locomoção de alguns, será mais difícil entrar no ônibus.

Para orientar os usuários quanto à inversão de fluxo, a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) e Astransp estão promovendo uma campanha, com distribuição de panfletos, comerciais de TV, dentre outras ações. Segundo Cláudia, um dos tópicos abordados nessa campanha é a gentileza, tanto dos profissionais, quanto da população. "Para resolver esse problema é necessária a colaboração, tantos dos profissionais, quanto dos demais usuários."

Reclamações

Segundo informação da Astransp, cada empresa de ônibus tem sua central de reclamação e o número para tal deve ficar visível no veículo. Todos os usuários que tiverem algum problema com o transporte, devem ligar para a empresa correspondente e registrar sua queixa.

Para que a reclamação seja efetiva, é necessário que o usuário tenha em mãos o número do ônibus e o nome da linha. Assim, veículo, motorista e cobrador poderão ser identificados.