Deficientes visuais aventuram-se no universo dos caminhoneiros

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Deficientes visuais aventuram-se no universo dos caminhoneiros
Quinta-feira, 8 de março de 2012, atualizada às 18h53

Deficientes visuais aventuram-se no universo dos caminhoneiros

Thiago Stephan
Repórter

Deficientes visuais atendidos pela Associação dos Cegos tiveram uma experiência diferente na tarde desta quinta-feira, 8 de março. Eles visitaram a mostra Estradas, uma história, nossas vidas que está exposta no Espaço Cultural dos Correios. Durante a visita, puderam conferir, por meio do tato e da audição, o universo dos caminhoneiros, temática abordada pela artista plástica Gabi Gonçalves em fotos, áudios, vídeos e objetos que retratam o universo de quem transporta a produção brasileira.

A visita foi especial para Antônio Silva, de 61 anos. "Eu tinha o sonho de ser caminhoneiro. Cheguei a ter habilitação, mas preferi trabalhar em obra. Está sendo a primeira vez que venho em uma exposição com esta. Estou me sentindo como se fosse caminhoneiro", revela. Questionado sobre qual a percepção que tinha a exposição, garantiu que conseguia "enxergar" as obras a seu redor: "Sinto-me até emocionado com a forma como fomos recebidos. Consigo perceber as fotos, equipamentos, peças, placas...É como se eu estivesse vendo mesmo."

Inspiração na família

A vida de Gabi Gonçalves está intimamente ligada a histórias de caminhão. Ela nasceu em uma família de caminhoneiros: seu bisavô e seu avô ganharam a vida na boleia. Mais tarde, começou a confeccionar bolsas com lonas utilizadas nos veículos. Recentemente, surgiu a necessidade de aumentar essa ligação. "Senti a necessidade de intensificar esse conceito com a exposição, de forma que as pessoas pudessem se ver e se ouvir. Decidi usar fotos maiores para ressaltar a importância deles. É como se estivéssemos dentro das fotografias. As imagens menores pegam detalhes. O vídeo reúne depoimentos sobre as dificuldades vividas nas estradas e a relação com a sociedade." A mostra Estradas, uma história, nossas vidas fica aberta ao público até o dia 12 de março, das 9h às 18h.

Os textos são revisados por Mariana Benicá