Risco de concentração no mercado dos criptoativos preocupa, diz Campos Neto

Por NATHALIA GARCIA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (12) que a concentração de custódia e o risco de concentração transacional estão entre suas preocupações na regulação do mercado de criptoativos no Brasil.

"Tenho uma preocupação grande com a concentração de custódia. Hoje, a gente tem 80% dos criptoativos custodiados mais ou menos em quatro empresas", afirmou.

"Eu também me preocupo com o risco de concentração transacional, que é você ter uma ou duas plataformas com 20%, 30% do mercado. Esse é um ponto, sim, que o regulador deve se preocupar em vez de pensar se as pessoas perderam dinheiro", continuou Campos Neto em evento sobre o futuro da regulamentação dos criptoativos no Brasil, em Brasília.

O presidente do Banco Central considera que "talvez seja um erro" o regulador "entrar com a mão pesada" na regulamentação dos criptoativos e afirma que o Brasil deve seguir um caminho diferente de outros países. Para ele, os argumentos para isso "não são bons".

"Participo dos fóruns, [ouço que] a gente tem de regular isso de forma muito forte porque as pessoas perderam muito dinheiro agora. Primeiro, não é bem verdade isso. É verdade que teve uma grande queda no valor", exemplificou.

Para Campos Neto, a transparência será "chave" no processo, seja na forma como os criptoativos são negociados, criados e transacionados. Segundo ele, esse será o caminho da regulação que será feita no Brasil.

O projeto de lei que impõe regras ao mercado de criptoativos foi aprovado em abril de maneira simbólica no Senado e aguarda análise na Câmara dos Deputados, antes de ir à sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em julho, o deputado Expedito Netto (PSD-RO), relator da proposta na Câmara, apresentou parecer rejeitando as principais modificações aprovadas pelo Senado. A votação em plenário pode ficar para depois das eleições.

A proposta vem sendo chamada por alguns parlamentares como "marco regulatório das criptomoedas", por estabelecer diretrizes para operações financeiras realizadas com criptoativos em território nacional.