Economia comemora alta do PIB e vê robustez para crescimento maior

Por NATHALIA GARCIA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Ministério da Economia comemorou nesta quinta-feira (1º) o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no segundo trimestre e disse ver a atividade econômica consolidada para crescimento ainda maior.

"Se no segundo trimestre com juro real no pico, com política monetária no pico, a gente cresceu 1,2%, a economia tem robustez para crescer mais ainda quando esses fatores aliviarem", afirmou o chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos, Rogério Boueri.

O PIB brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com a equipe econômica, o resultado mostra uma consolidação da retomada da atividade econômica, que avançou pelo quarto trimestre consecutivo, apesar dos impactos da Guerra da Ucrânia e dos efeitos remanescentes da pandemia.

A pasta destacou também que os indicadores mostram o bom desempenho dos serviços, a recuperação do emprego e a taxa dos investimentos em níveis elevados. Conforme indicou o IBGE, os serviços puxaram o crescimento da economia de abril a junho, com alta de 1,3% do segmento.

Segundo Boueri, a estimativa atual está "datada" e será revisada para cima no próximo relatório, em setembro. O técnico do Ministério da Economia, contudo, evitou adiantar a nova projeção.

"2% já está datado, só o carrego já está em 2,4%, e a gente não acha que o Brasil vai parar de crescer", disse. "Vai ter de subir, para quanto é uma resposta que vou me privar porque prefiro dar essa resposta quando o pessoal da SPE efetivamente rodar as projeções e tiver o número baseado nos modelos".

A equipe econômica destacou também que os resultados mais recentes levaram os analistas do mercado financeiro a revisarem sistematicamente suas projeções para o PIB de 2022, cuja mediana saltou de 0,3% no início do ano para 2,1%, de acordo com o boletim Focus divulgado na última segunda-feira (29).

A pasta reforçou ainda sua convicção no vigor do crescimento da economia em 2023, apesar do pessimismo dos economistas da iniciativa privada.

Para 2023, o Ministério da Economia prevê crescimento de 2,5%, enquanto os economistas estimam alta de 0,37%. Como mostrou a Folha, esse descolamento das projeções sobre o PIB do próximo ano ocorre de forma precoce quando se olha para todo o período do governo Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a equipe econômica do governo, o aperto monetário implementado pelo Banco Central para frear a inflação dificilmente terá efeito rápido e devastador sobre a atividade econômica.

No início de agosto, o Copom elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano. Desde o primeiro movimento, quando partiu de seu piso histórico (2% ao ano) em março de 2021, o ciclo de aperto acumula elevação de 11,75 pontos percentuais.

"Para termos crescimento bastante baixo, próximo de zero em 2023, vamos ter de ter uma desaceleração, um 'crash landing' muito grande, que é improvável dado que os efeitos de política monetária que já estão aí", afirmou Boueri.

Segundo análise da pasta, caso a atividade econômica ficasse estagnada no segundo semestre deste ano e o crescimento médio de 2023 fosse de 0,3%, ainda assim, o PIB do país avançaria 1,4% no próximo ano.

Na visão do chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos, este é um cenário conservador. "Precisa de um efeito externo muito forte para você tirar a plausibilidade desse intervalo de 1,4% e 2,9%", disse.