Guedes usa novamente TV estatal para defender economia durante campanha eleitoral
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Paulo Guedes usou novamente a TV Brasil para defender, nesta quinta-feira (6), a economia, em meio ao período eleitoral.
O discurso de Guedes ocorreu no Palácio do Planalto, durante coletiva de imprensa para anunciar que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) entregou o memorando inicial para a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), grupo de países ao qual o Brasil busca adesão.
"Nós criamos mais empregos durante essa recuperação do fundo do poço até agora do que os Estados Unidos, economia mais flexível do mundo, a Alemanha e o Reino Unido juntos", disse.
"O Brasil já está no caminho da prosperidade. Esse acesso à OCDE é um processo que, na verdade, chega na hora certa, no momento em que o Brasil decola."
Em outro trecho do discurso, disse que o Brasil aparece "como porto seguro para os investimentos, a maior fronteira de oportunidades de investimentos, e estendendo a mão e dizendo: 'eu vou convergir para melhores práticas', porque nós queremos melhorar a qualidade de vida da população brasileira".
Como mostrou a Folha, o uso da estrutura estatal durante a campanha pode configurar irregularidade e crime eleitoral.
No último dia 15, Guedes também usou a Voz do Brasil ?programa estatal de transmissão obrigatória?, durante 24 minutos, para atacar gestões anteriores e dizer que a economia do país está crescendo, gerando empregos e atraindo investimentos.
A coletiva para tratar a respeito da OCDE contou com a presença dos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Carlos França (Relações Exteriores), além de Guedes.
O documento, enviado na sexta-feira (30), faz parte de uma nova etapa do país na busca pela adesão ao chamado "clube dos ricos".
De acordo com o governo, o memorando avalia se as legislações, políticas e práticas
nacionais estão de acordo com os padrões estabelecidos pela OCDE em áreas como saúde, economia digital e meio ambiente, entre outras.
O pedido de adesão do Brasil foi feito no governo Michel Temer (MDB), em 2017.
A OCDE determina 258 instrumentos normativos, dos quais 230 são definidores para a adesão dos países. De acordo com Guedes, o Brasil já preenche 108 desses requisitos e há 45 sob aprovação.
Não há prazo para resposta da organização, que analisará se o país cumpre as exigências.
Guedes assumiu o papel de cabo eleitoral de Bolsonaro atacando adversários, fazendo promessas para um novo mandato e exaltando os feitos de sua gestão.
Embora a atuação em campanha não seja proibida, especialistas avaliam que o chefe da equipe econômica pode ter violado a lei eleitoral e praticado ato de improbidade administrativa ao usar da estrutura estatal e de sua posição no governo para favorecer o candidato à reeleição.
Desde que afirmou que seguirá no cargo num eventual segundo mandato de Bolsonaro, Guedes elevou o tom de campanha em eventos e encontros com empresários. Nas últimas semanas, além de associar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao "capeta", o ministro prometeu rever o corte de verbas no Farmácia Popular, zerar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e manter o Auxilio Brasil em R$ 600.