Ben Bernanke vence Nobel de Economia 2022 por pesquisas sobre crises bancárias
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prêmio Nobel de Economia de 2022 foi dado aos americanos Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig, por suas pesquisas sobre o setor bancário e as crises financeiras.
O anúncio foi feito nesta segunda (10). As pesquisas dos três mostram por que os bancos são necessários, por que são vulneráveis e como prevenir que eles quebrem.
Bernanke, 68, foi presidente do Fed, o banco central americano, entre 2006 e 2014, e enfrentou a crise de 2008. Diamond é pesquisador de crises financeiras e liquidez e professor da Universidade de Chicago desde 1979. Já Philip Dybvig, 67, é professor de bancos e finanças na Universidade Washington, em St. Louis.
"Nós não sabíamos na época, mas, há 15 anos, boa parte do mundo estava à beira de uma crise econômica devastadora. A maioria de nós estava despreparada para isso. No entanto, alguns economistas estavam preparados e preocupados", disse Hans Ellegren, secretário-geral da Real Academia Sueca de Ciências, que organiza o prêmio, ao anunciar os vencedores.
"Eles tinham estudado a teoria de corridas bancárias, acreditavam em suas evidências e suspeitavam que a possibilidade de corridas bancárias estava sendo considerada irrelevante. Conforme os eventos se desenrolaram em 2008, nove de cada dez evidências se mostraram em favor da teoria", prosseguiu Ellegren.
Em resumo, a teoria das corridas bancárias aponta que os bancos só estão seguros se estiverem regulados adequadamente. Em momentos de crise profunda, é comum que as pessoas corram aos bancos para tentar sacar seus recursos. Este movimento pode levar à falência deles, algo capaz de gerar efeitos em outros setores da economia.
A pesquisa dos economistas premiados trata de como fortalecer o setor bancário para evitar crises assim e de como recuperá-lo após falhas. Em um estudo publicado em 1983, Bernanke apontou que a falência de bancos pode gerar crises econômicas profundas, como a depressão americana dos anos 1930, e que a quebra dessas instituições acaba sendo um fator gerador de crises, em vez de apenas ser consequência de problemas econômicos.
Diamond mostrou que uma função importante dos bancos é monitorar os tomadores de empréstimo. Se fizerem isso bem, essas instituições reduzem o custo do crédito e facilitam investimentos que beneficiam a sociedade.
No entanto, quando os bancos quebram, este conhecimento sobre o comportamento dos devedores se perde, pois não é transferido facilmente para os novos bancos que sejam criados. Isso faz com que uma crise gerada por falências bancárias demore a passar.
Uma das formas de evitar falências bancárias é fortalecer as garantias sobre o dinheiro depositado. Ao saber que seus recursos serão devolvidos mesmo que o banco quebre, diminuem as chances de que correntistas tentem tirar suas reservas em um momento de pânico.
Concedido desde 1901, o prêmio Nobel foi criado a partir da fortuna deixada por Alfred Nobel (1833-1896), químico e inventor sueco que criou a dinamite. Inicialmente, eram cinco categorias: paz, literatura, química, física e medicina. O de economia foi lançado depois, em 1969, e já premiou 92 pessoas desde então.