Estabilidade financeira piora e países emergentes correm mais riscos, diz FMI

Por Folhapress

SÃO PAULO - WASHINGTON (FOLHAPRESS) - O FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou que os riscos ligados à estabilidade financeira global aumentaram, e que países emergentes, como o Brasil, correm mais riscos, porque emprestar dinheiro no exterior ficou mais difícil.

No documento, o FMI alertou que os riscos cresceram desde o primeiro semestre, o que deixa o balanço significativamente distorcido para o lado negativo. "O ambiente global é frágil com nuvens de tempestade no horizonte", afirmou o Fundo, no relatório Global Financial Stability (Estabilidade Financeira Global), divulgado nesta terça (11).

Falta de liquidez, inflação insistente e esforços contínuos dos bancos centrais em todo o mundo para aumentar as taxas de juros se combinaram para criar um ambiente volátil e arriscado, aponta o Fundo.

A desaceleração da China e as tensões contínuas com a invasão da Ucrânia pela Rússia também aumentaram o risco de uma forte desaceleração, para níveis não vistos desde o início da pandemia de Covid-19.

"Mercados emergentes encaram uma multiplicidade de riscos, derivados da alta no custo de empréstimos externos, inflação alta persistente, mercados de commodities voláteis, alta incerteza sobre as perspectivas econômicas globais e pressões de aperto de políticas [monetárias] nas economias desenvolvidas", diz o relatório.

A alta nas taxas de juros dos EUA e em outros países desenvolvidos busca atrair investidores para estes países. Consequentemente, isso pode reduzir os investimentos feitos em regiões mais pobres e instáveis, como a América Latina.

"Com investidores se afastando agressivamente de assumir riscos ao reavaliarem suas perspectivas econômicas e de política monetária, existe o perigo de uma reprecificação desordenada do risco", afirmou o relatório. "Em particular, a volatilidade e um aperto repentino nas condições financeiras podem ser amplificados por vulnerabilidades financeiras preexistentes".

O FMI também alertou que os spreads de crédito aumentaram substancialmente no setor corporativo e que juros mais altos podem afetar negativamente os mercados imobiliários.

Em resposta a este cenário, o Fundo recomenda que os bancos centrais devem agir "decididamente" para controlar a inflação e comunicar claramente seu "compromisso inabalável" de cumprir o prometido.

Os formuladores de política monetária também precisam lidar com vulnerabilidades financeiras persistentes para garantir liquidez de mercado suficiente e minimizar os riscos de uma liquidação severa e desordenada. Já os reguladores financeiros devem monitorar de perto a infraestrutura de negociação e aumentar os dados disponíveis para operadores para ajudar a manter o funcionamento dos mercados sem problemas.

Nesta semana, o FMI realiza reuniões em Washington e divulga vários estudos. Para o Fundo, a economia do Brasil deve crescer neste ano abaixo da média global, da média da América Latina e da média de países em desenvolvimento. Segundo as projeções, o Brasil deve ver seu PIB (produto interno bruto) crescer 2,8% em 2022, enquanto o mundo deve registrar crescimento médio de 3,2%.

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