Randolfe pede ao STF que ministro da Justiça e PRF sejam investigado

Por MÔNICA BERGAMO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) irá solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, sejam investigados. O parlamentar citará as operações que dificultaram o acesso de eleitores aos seus locais de votação no domingo (30) e os bloqueios de rodovias por bolsonaristas que ocorrem em todo o país.

A petição será apresentada no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, que tramita na corte superior.

Ao menos 140 pontos de bloqueios ou aglomerações em vias de 18 estados e do Distrito Federal já foram identificadas pela PRF até esta segunda-feira (31).

A mobilização de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) teve início ainda no domingo de votação. Eles protestam contra o resultado das eleições, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor na disputa pelo Planalto.

A PRF, no entanto, não agiu sobre os bloqueios. Em um vídeo que circula nas redes sociais e ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso, agentes da PRF dizem que a ordem é só permanecer no local.

"A única coisa que eu tenho a dizer nesse momento é a única ordem que nós temos é estar aqui com vocês, só isso", disse um policial que acompanhava um bloqueio em Palhoça (SC).

A postura contrasta com a adotada no domingo, quando a corporação descumpriu ordem judicial e intensificou operações contra o transporte público de eleitores.

Pedidos de afastamento, e até mesmo de prisão, contra o diretor-geral da PRF foram apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a realização do segundo turno do pleito, mas foram indeferidos após Silvinei Vasques dar explicações à corte eleitoral e ser dada continuidade à votação.

Ao acionar o STF, o senador Randolfe Rodrigues também irá solicitar o afastamento cautelar do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e a apresentação, em até 24 horas, de um plano para a liberação de rodovias por um eventual substituto.

O parlamentar também pede que seja apurado por que a Polícia Rodoviária Federal e o Ministério da Justiça não atuaram ao longo desta segunda-feira para que as estradas do país fossem desobstruídas.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, houve ou estão em andamento protestos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em Minas Gerais, em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, na Bahia, no Maranhão, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, em Goiás, em Rondônia, no Pará, no Acre, no Amazonas, no Tocantins, em Roraima e no Distrito Federal.

Em outro vídeo que circula nas redes sociais, um bolsonarista discursa a adeptos de um bloqueio em rodovia e afirma que o movimento irá crescer entre esta segunda e a terça-feira (1º) para que, na quarta-feira (2), todos se dirijam para quarteis do Exército.

"Nós vamos pedir o artigo 142, intervenção militar, restabelecimento da ordem. Nós vamos parar e não vamos aceitar o resultado [das eleições]", diz ele. Após um homem afirmar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não pode apoiar o movimento abertamente sob o risco de ser preso, o bolsonarista concorda e diz que o mandatário não deve se manifestar.

"Ele [Bolsonaro] está apoiando porque ele sabe que o povo é o supremo. Esse é o apoio que ele pode dar. A gente tem que começar a colocar em todos os grupos: quarta-feira, na frente dos quarteis", continua.

A PRF disse, em nota, que sempre trabalhou com o compromisso constitucional de garantir a mobilidade eficiente, a preservação da ordem pública, a segurança viária e o combate ao crime organizado nas rodovias federais brasileiras.

A instituição falou ainda que está em todos os locais de bloqueio com efetivo mobilizado e permanece trabalhando para o fluxo livre das rodovias federais.