Dólar avançava frente ao real nos primeiros negócios desta terça-feira

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar avançava frente ao real nos primeiros negócios desta terça-feira (8), estendendo disparada da véspera em meio a temores sobre a configuração da futura equipe econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto as eleições norte-americanas de meio de mandato também atraíam as atenções de investidores.

Às 9h11 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,00%, a R$ 5,2250 na venda.

Na B3, às 9h11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,99%, a R$ 5,2460.

Na segunda-feira (7), o índice Ibovespa fechou em queda de 2,38%, aos 115.342 pontos. O principal destaque negativo foi a queda de 4,06% das ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas da Bolsa. A estatal enfrenta a desconfiança de investidores quanto à condução da empresa pela futura gestão petista. O dólar comercial à vista avançou 2,41%, cotado a R$ 5,1730, na venda.

O mercado financeiro se voltou nesta segunda-feira (7) para possíveis nomes da equipe econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sobre como o novo governo encontrará espaço no Orçamento para cumprir promessas de campanha que aumentam os gastos públicos.

Analistas atribuíram a queda do mercado a rumores de que a cúpula petista estaria pressionando a nomeação do ex-prefeito Fernando Haddad para comandar a economia, além de uma entrevista do ex-ministro Henrique Meirelles dizendo que não é candidato ao cargo.

"O Haddad cotado para assumir a economia trouxe bastante incerteza para o mercado e esse é o principal ponto", afirmou Andre Mamed, gestor de portfólios da Lifetime Asset Management. "Outro ponto é que o Meirelles teria descartado assumir como ministro da Fazenda, isso também foi péssimo", disse.

"A Bolsa devolveu os lucros da semana passada e a justificativa, digamos assim, é a decepção do mercado, que esperava a recondução do Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda", comentou João Abdouni, analista da INV.

Os analistas disseram que participantes do mercado consideraram uma entrevista dada por Meirelles nesta segunda à Jovem Pan News como uma confirmação de que o ex-ministro pode ter ficado de fora da disputa. "Se eu sou candidato a ministro da fazenda? Não, não sou candidato a ministro", disse Meirelles.

Assim como já havia dito à Folha, porém, Meirelles não fechou as portas para um convite de Lula. "Evidentemente que eu sempre sigo preparado para o serviço público e qualquer convite eu analiso quando ocorre", disse o ex-ministro.

No centro das preocupações dos investidores está o risco fiscal, ou seja, a possibilidade de que o novo governo faça uma opção por expandir em excesso os gastos públicos e que isso resulte em endividamento e ameaça à execução do Orçamento no futuro.

"O enfraquecimento dos protestos no início da semana deu espaço para a percepção de que a transição de poder será relativamente estável, trazendo certo alívio de curto prazo para os mercados. Por outro lado, a discussão sobre uma mudança constitucional para permitir maiores gastos no ano que vem acende a luz amarela", comentou Antonio Sanches, analista de investimentos da Rico.

"O equilíbrio das contas públicas é o calcanhar de Aquiles da nossa economia. Gastos sem planejamento de como serão pagos tendem a pressionar a inflação e os juros, criando um ciclo vicioso", afirmou o analista. "Parece que a tal da incerteza não larga do nosso pé nunca."

Independentemente do nome a ser escolhido, a expectativa do mercado é por um nome com perfil técnico. "O mercado não vê com bons olhos um político no cargo", disse Marcelo Oliveira, cofundador da Quantzed. "Além disso, muitos acreditam que Haddad não tem boa interlocução com o Congresso."

Reforçando sinais de que o mal humor dos investidores foi provocado por razões domésticas, os principais índices de ações internacionais fecharam em alta. Na Bolsa de Nova York, o índice parâmetro S&P 500 chegou ao final do dia com ganho de 0,96%.