Dona do Galeão vai à Justiça contra decisão da Anac sobre relicitação de aeroporto

Por LEONARDO VIECELI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O processo de devolução da concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ganhou novo capítulo. Na quarta-feira (9), a concessionária RIOgaleão acionou a Justiça Federal contra uma decisão tomada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

A companhia, controlada pela Changi, de Singapura, discorda de parte do conteúdo de um termo aditivo que precisa ser assinado até esta segunda-feira (14).

Ainda sem consenso, esse aditivo rege os compromissos da RIOgaleão com o aeroporto até a chegada de uma nova operadora, além de definir as bases da indenização a ser paga, levando em conta a quitação de outorgas e os investimentos realizados pela concessionária.

A assinatura é necessária para o avanço do processo de relicitação. Sem ela, a devolução do aeroporto, solicitada em fevereiro pela RIOgaleão, perde seus efeitos.

Em reunião extraordinária na terça (8), a diretoria da Anac aprovou a proposta de aditivo com base em cronograma do contrato de concessão firmado originalmente em 2014. A empresa contesta esse ponto.

Para a concessionária, a agência deveria levar em consideração um acordo firmado depois, em 2017. À época, a operadora conseguiu renegociar valores de outorga. O acerto gerou um alívio para os caixas da companhia à época.

"O RIOgaleão acionou a Justiça Federal, nesta quarta-feira (9/11), para que o termo aditivo, que permitirá a continuidade do processo de devolução da concessão, seja assinado respeitando o contrato vigente pactuado com a Anac em dezembro de 2017, de acordo com a lei 13.499/2017", diz a companhia em nota.

"Para o RIOgaleão, é fundamental que seja respeitado o atual instrumento, garantindo segurança jurídica e o cumprimento da legislação do país", afirmou.

A empresa diz ainda que, desde o início da concessão, em 2014, as obrigações e os investimentos previstos estão sendo entregues.

O aeroporto internacional do Galeão está localizado na Ilha do Governador. O ativo foi planejado para receber aeronaves de grande porte e também exerce papel relevante no transporte de cargas do Rio.

Mesmo assim, o terminal vem passando por um processo de esvaziamento nos últimos anos. Em fevereiro, a RIOgaleão associou o pedido de devolução do aeroporto ao período de crise econômica no Brasil agravado pela pandemia de Covid-19.

O Galeão fica a menos de 20 quilômetros do Santos Dumont, o terminal focado em voos nacionais no centro do Rio. A recuperação da demanda vem crescendo de maneira mais rápida nesse aeroporto, que tem infraestrutura menor.

O plano do governo federal é negociar o Galeão em conjunto com o Santos Dumont, administrado atualmente pela Infraero. O projeto da concessão em dupla veio após uma série de divergências com lideranças fluminenses.

A intenção inicial do Ministério da Infraestrutura era colocar o terminal do centro do Rio na sétima rodada de concessões aeroportuárias, que ocorreu neste ano e teve Congonhas como a joia da coroa.

Empresários e políticos do Rio, contudo, temiam que, sem algum tipo de restrição a novos voos no Santos Dumont, a operação poderia aprofundar a crise no Galeão.

A RIOgaleão afirma que segue com o compromisso de atuar pela evolução comercial e operacional do ativo "até que um novo operador seja definido".