Dólar dispara e Bolsa tomba com discurso de Lula e inflação
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O mercado financeiro refletia nesta quinta-feira (10) temores sobre a agenda fiscal do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto investidores digeriam os dados do IPCA de outubro, que mostravam uma aceleração da inflação doméstica.
Por volta das 13h30, o dólar comercial à vista disparava 3,14%, cotado a R$ 5,3490. O Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores brasileira, tombava 2,67%, aos 110.536 pontos.
Lula disse nesta quinta que "algumas coisas encaradas como gastos nesse país vão passar a ser vistas como investimentos". O petista criticou a reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PL) e as mudanças na legislação trabalhista feitas na gestão do ex-presidente Michel Temer.
Também afirmou que a Petrobras não será fatiada e descartou privatizar Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, comentou que o mercado tende a reagir quando discursos de governantes passam a mensagem de que é necessário gastar além do limite para atender demandas sociais.
"Hoje tivemos um forte gatilho com o discurso de Lula trazendo uma relação dicotômica entre responsabilidade fiscal e gasto social", disse Sanchez. "O mercado ou quem prega responsabilidade fiscal não é contra a assistência social."
A volta da inflação no país também contribuía para o mau humor do mercado doméstico. Após três meses consecutivos de deflação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) voltou a subir em outubro, informou nesta quinta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Puxado pelos alimentos, o indicador oficial de inflação do país teve alta de 0,59% no mês passado. A taxa ficou acima das projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg, que esperavam avanço de 0,49%.
Na véspera, o mercado de ações já tinha recuado devido à frustração de investidores internacionais com o desempenho abaixo do esperado do Partido Republicano nas eleições de meio de mandato, o que também provocou alta global do dólar.