Gleisi diz que governo terá 'responsabilidade social em 1º lugar' sobre reação de mercado a fala de Lula

Por MARIANNA HOLANDA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A presidente do PT e coordenadora de articulação política do governo de transição, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou nesta sexta-feira (11) que a futura gestão federal terá "responsabilidade social em primeiro lugar" e que viu como "movimento especulativo" a variação negativa na Bolsa de Valores após declarações sobre estabilidade econômica feitas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Nós jamais vamos abrir mão de ter responsabilidade social colocada em primeiro lugar, porque estamos falando da vida das pessoas, da sobrevivência das pessoas", disse após reunião do conselho político da transição.

Na quinta-feira (10), Lula fez críticas a regras que limitam os gastos públicos e o dólar chegou a disparar 4,08%, enquanto o Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores do Brasil, tombou 3,35%.

"Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos? Por que a gente não estabelece um novo paradigma?", questionou o petista.

Lula também disse que "algumas coisas encaradas como gastos nesse país vão passar a ser vistas como investimentos".

No mesmo dia, logo após a reação dos investidores, Lula disse que "nunca" tinha visto um mercado "tão sensível" quanto o brasileiro. Nesta sexta, Gleisi criticou o movimento da bolsa. "Penso que foi movimento especulativo, o que é muito ruim para o país", afirmou.

Hoffmann disse que os índices já se estabilizaram nesta sexta. "Primeiro, recebemos com espanto, não sei o que o presidente Lula falou que pudesse fazer uma variação tão grande do sentimento de mercado. Aliás, todos os indicadores, de dólar, já entraram na normalidade", afirmou.

O conselho político do governo de transição se reuniu, na manhã desta sexta em Brasília, pela primeira vez.

Integram o grupo indicados de 14 partidos: PSB, PT, Solidariedade, PV, Psol, PC do B, Rede, Agir, PROS, Avante, PDT, PSD, MDB e Cidadania. Não tinha nenhum representante do MDB na reunião, mas Hoffmann afirmou que eles irão participar das próximas reuniões.

O encontro acontece no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) --onde serão concentrados os trabalhos da transição.

Integram o grupo Gleisi Hoffmann (PT), Antônio Brito (PSD), Carlos Siqueira (PSB), Daniel Tourinho (Agir), Felipe Espírito Santo (PROS), Guilherme Ítalo (Avante), Jefferson Coriteac (Solidariedade), José Luiz Penna (PV), Juliano Medeiros (PSOL), Luciana Santos (PCdoB), Wesley Diógenes (Rede), Wolney Queiroz (PDT), Renan Calheiros (MDB) e Jader Barbalho (MDB).