PGR articula com governo uso da Força Nacional contra interdições em estradas

Por MARCELO ROCHA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta segunda-feira (21) que articula junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o uso da Força Nacional para auxiliar na desmobilização de interdições nas estradas promovidas por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).

Aras disse que entrará em contato com o governo de Mato Grosso para que o Executivo estadual requisite ao governo federal o auxílio da corporação, segundo prevê a legislação que a rege.

De acordo com o Ministério Público Federal, Mato Grosso é, neste início de semana, o estado que requer mais atenção. Foram registradas pelo menos 11 interdições em rodovias federais, quatro delas com interrupção total do fluxo. Houve episódios de violência.

A avaliação dos representantes do MPF é a de que o efetivo das demais forças policiais (Federal, Rodoviária Federal e Militar) não é suficiente para atender a situação no estado.

"O ministro [da Justiça, Anderson Torres] nos assegurou que, mais uma vez, vai instar o governador do estado para que solicite apoio da Força Nacional, que está disponível para ajudar a desobstruir as rodovias", afirmou Aras, em vídeo divulgado em seu canal no Youtube.

Na manhã desta segunda, o chefe da Procuradoria reuniu o comitê permanente de crise para avaliar a situação nas rodovias federais. Além de subprocuradores (integrantes da PGR), participaram do encontro procuradores da República no Mato Grosso, Rondônia, Pará e Paraná.

Em Rondônia, há oito pontos de bloqueios. Em relação ao estado, a informação apresentada na reunião foi a de ainda existem alguns pontos isolados de protestos.

"Em contato há pouco, com o ministro [da Justiça], ele nos informou que vai mandar reforçar imediatamente o contingente em Rondônia", afirmou Aras.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram desfeitas 1.236 interdições desde o final da disputa eleitoral, quando os manifestantes começaram a protestar contra o resultado das urnas, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Grupos bolsonaristas estão acampados em frente a quartéis do país.

Os atos antidemocráticos voltaram a ganhar força nos últimos dias diante de uma expectativa de que o PL, partido do presidente, apresente alguma contestação sobre as urnas eletrônicas junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A PRF entrou na mira do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, após desobedecer decisão do ministro, ainda no domingo (30) do segundo turno, e realizar blitze contra veículos de transporte de passageiros.

No dia seguinte, a corporação entrou novamente em atrito com o ministro por não encerrar as manifestações de bloqueios nas rodovias.

Moraes, então, determinou ao governo a adoção imediata de "todas as medidas necessárias e suficientes" para desobstruir as rodovias ocupadas por bolsonaristas e registrou a possibilidade de prisão em flagrante do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, em caso de novo descumprimento. Segundo o ministro, naquele momento, havia "omissão e inércia" da PRF na desobstrução das vias.

Vasques tornou-se alvo de um inquérito na Polícia Federal, instaurado a partir de uma solicitação de subprocuradores que atuam no controle externo da atividade policial.