Direção do Sebrae nega pedido de Alckmin e gera mal-estar com transição de Lula

Por MÔNICA BERGAMO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A recusa da presidência do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em adiar as eleições nacionais da entidade, que aconteceram nesta terça (29), causou mal-estar entre dirigentes da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na semana passada, como antecipou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) enviou um ofício ao conselho deliberativo nacional do Sebrae sugerindo que o processo fosse postergado. Nesta terça-feira, a demanda foi rechaçada.

A eleição foi realizada e o atual presidente, Carlos Melles, ligado ao governo Jair Bolsonaro (PL), foi reconduzido ao cargo.

A decisão de não adiar o pleito alarmou petistas, que veem na atuação junto a pequenas e médias empresas um dos pontos prioritários do governo eleito. A vitória de uma diretoria bolsonarista no Sebrae, portanto, pode frustrar a construção de novas políticas públicas para o segmento.

Ao recusar o pedido, o vice-presidente em exercício do conselho deliberativo nacional do Sebrae, José Zeferino Pedrozo, argumentou em ofício que prorrogar o mandato atual dos membros do conselho até fevereiro do ano que vem "viola as normas sistêmicas" da entidade, especialmente uma resolução que trata do processo eleitoral na instituição.

De acordo com o dirigente da entidade, as reuniões extraordinárias de eleição do presidente do conselho deliberativo nacional e dos membros da diretoria-executiva e do conselho fiscal devem ser realizadas em "única data compreendida entre 16 de novembro e 15 de dezembro".

"O pretendido adiamento representa, a bem da verdade, verdadeiro risco à coesão e à atuação do Sebrae voltada à consecução de seus objetivos institucionais, tendo em vista, sobretudo, a conclusão do processo eleitoral em 17 unidades Sebrae até o presente momento", afirmou Pedrozo.

Na eleição nacional desta terça (29), Pedrozo foi eleito presidente do conselho deliberativo nacional, substituindo José Roberto Tadros, que é também atual presidente da Confederação Nacional do Comércio.