Bolsa cai 3% após mídia citar possibilidade de Mercadante no BNDES
SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - As negociações na Bolsa de Valores brasileira apresentavam nesta segunda-feira (12) forte desvalorização de ações importantes para o mercado financeiro doméstico após reportagens na imprensa citarem a possibilidade de o ex-ministro petista Aloizio Mercadante assumir o comando do BNDES ou da Petrobras.
Às 15h30, o Ibovespa caía 2,63%, aos 104.682 pontos, enquanto o dólar comercial à vista subia 1,60%, cotado a R$ 5,3280 na venda.
Mais cedo, a Bolsa chegou a cair cerca de 3,4%, atingindo a pontuação mínima do dia, de 103.876 pontos.
As ações preferenciais da estatal petrolífera despencavam 4,13%. O Banco do Brasil, outra empresa com peso na Bolsa e que é controlada pelo governo, tombava 4,63%.
Mercadante coordenou o programa de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e hoje comanda os grupos técnicos da equipe de transição.
"O Mercadante é mais voltado à ampliação da participação do governo nas estatais e, sobretudo na Petrobras, não é isso o que o mercado quer", disse Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.
"No caso do BNDES, há a preocupação da retomada de uma prática como era a do governo de Dilma Rousseff, que buscava construir campeões nacionais, ou seja, financiava grandes empresas que não precisariam desse suporte porque têm acesso ao mercado de capitais", completou Meira.
Durante a campanha, Lula já defendeu um papel mais ativo para o BNDES durante seu novo mandato. Na semana passada, o próprio Mercadante defendeu que o banco precisa voltar a atuar fortemente no processo de reindustrialização.
Mercadante disse nesta segunda que desconhece "qualquer iniciativa" por parte do governo eleito de alteração na Lei das Estatais. Ele também se recusou a responder se será indicado para comandar algum ministério ou estatal no próximo governo, reportou a agência Reuters.
A tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição na Câmara e a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nesta segunda-feira, também estão no foco dos investidores.
O mercado busca pistas sobre a definição da equipe do próximo governo e qual será a política fiscal a ser adotada. A expansão dos gastos públicos é um dos pontos mais sensíveis neste momento.
A semana também tende a ser de cautela global antes da reunião de política monetária nos Estados Unidos, quando o Fed (Federal Reserve) irá divulgar a sua última decisão do ano sobre a taxa de juros do país, na quarta-feira (14).
Na China, relatos de caos provocado pelo avanço da Covid nos centros urbanos criam dúvidas sobre a continuidade do afrouxamento das regras de restrição a atividades econômicas.
A Vale, que tem no mercado chinês o principal destino para as suas exportações, tombava 3,25% e exercia a maior influência negativa sobre os Ibovespa.
"Não é só o Mercadante [que está derrubando a Bolsa], mas um conjunto de coisas. A própria incerteza quanto ao presidente da Petrobras e também o exterior negativo", comentou Rodrigo Marcatti, economista e presidente da Veedha Investimentos.
Na sexta-feira (9), a valorização das ações de exportadores de matérias-primas metálicas sustentou uma ligeira alta da Bolsa de Valores brasileira e colaborou para moderar o avanço do dólar frente ao real.
O dia também foi marcado pelo anúncio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os nomes de cinco ministros que irão compor o seu governo. Fernando Haddad foi confirmado para a Fazenda, como era amplamente esperado.
O dólar comercial à vista fechou com ganho de 0,53%, cotado a R$ 5,2450 na venda ?a alta acumulada na semana ficou em 0,61%.
No mercado de ações, o Ibovespa avançou 0,25%, aos 107.519 pontos, em um dia em que o volume movimentado na Bolsa esteve abaixo da média devido ao jogo no qual a seleção masculina de futebol do Brasil foi derrotada pela Croácia e eliminada da Copa do Mundo.
Os ganhos da Bolsa ficaram basicamente concentrados no setor de mineração e de matérias-primas metálicas.
Esse segmento vinha sendo beneficiado pela expectativa de aumento das exportações para a China, uma vez que o país vem afrouxando restrições contra a Covid e adotando outras medidas para aquecer setores da sua economia.