Rio espera hotéis e restaurantes lotados com Réveillon sem restrições
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Setores voltados para o turismo na cidade do Rio de Janeiro apostam em uma movimentação aquecida com a festa do Réveillon de 2023, o primeiro sem restrições sanitárias desde o início da pandemia de Covid-19.
Hotéis, bares e restaurantes reforçaram o quadro de funcionários e passaram a projetar espaços lotados para o Ano-Novo. Empresários falam em alcançar números similares aos do período pré-coronavírus.
A última virada sem restrições foi a de 2019 para 2020. Com a pandemia em curso, a celebração da passagem de 2020 para 2021 foi cancelada. Já o Réveillon de 2022 até contou com queima de fogos, mas não reuniu apresentações musicais.
Para este Ano-Novo, a prefeitura confirmou tanto os fogos quanto os shows de cantores como Zeca Pagodinho, Iza e Alexandre Pires em um dos dois palcos da praia de Copacabana, na zona sul.
"Temos uma grande procura para o Réveillon. A data cai no final de semana, as pessoas podem prolongar a estadia", afirma Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro).
Segundo o dirigente, parte da rede hoteleira já tinha, na reta final de novembro, mais de 80% dos quartos reservados para a virada de ano.
Bons ventos do Ano-Novo devem seguir até o Carnaval Nesses estabelecimentos, a expectativa é alcançar a lotação máxima na data festiva, em um movimento puxado por turistas brasileiros.
"As passagens aéreas estão com preços proibitivos, e o Rio tem a vantagem de estar perto de centros como São Paulo. Muita gente vem de carro."
Com quatro unidades na capital fluminense, a rede Arena Hotéis fez cerca de 50 contratações desde novembro, em uma ação para recompor o quadro de funcionários, segundo o diretor José Domingo Bouzón.
Atualmente, a empresa gera em torno de 250 empregos na cidade. "Já recontratamos muita gente. Com a expectativa de boas vendas para o Réveillon, seguimos contratando. Os bons ventos do Ano-Novo devem ir até o Carnaval", diz o executivo.
Em outubro deste ano, o setor de alimentação e bebidas somou 128,4 mil empregos formais na cidade do Rio, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
O número indica uma alta de 12,8% em relação a igual mês de 2021, quando o segmento apresentava 113,8 mil vagas.
O estoque de empregos, contudo, ainda ficou 4% abaixo de janeiro de 2020 (133,8 mil), o primeiro mês da série atual do Caged.
"Vai ser um Réveillon de casa lotada, com certeza", afirma Mario Filippo Junior, sócio-proprietário do restaurante Marinho Atlântica, que fica na orla de Copacabana.
Conforme o empresário, o estabelecimento aumentou em cerca de 20% a equipe fixa de funcionários no início de dezembro. São 85 trabalhadores no total.
O otimismo está ancorado nas reservas já feitas para a noite da virada. Parte da procura vem de clientes de fora do estado. "A gente vai ter uma demanda maior do que a capacidade de atendimento", aponta Filippo Junior.
O cardápio do restaurante prevê para o Réveillon opções com preço médio na faixa de R$ 800 a R$ 900, que incluem comida e bebida liberadas, segundo o empresário.
"Esperamos uma bela movimentação para um setor que ainda está se recuperando da pandemia", afirma Fernando Blower, presidente do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Município do Rio de Janeiro).
Ele destaca que a movimentação gerada pelo Réveillon varia de acordo com a região da cidade. Os negócios mais beneficiados pela data, diz, são aqueles próximos dos pontos de festa ou atrações turísticas. "O impacto não é o mesmo para a cidade inteira."
De acordo com o dirigente, bares e restaurantes ainda sentem a pressão da alta dos custos de operação e não repassaram todo o aumento para os preços finais.
"A gente está repassando em parte. A inflação dos alimentos teve um impacto muito grande", diz.
"A expectativa é que a inflação arrefeça um pouco no próximo ano, não aumente no mesmo nível deste ano, mas ainda siga em patamar alto. O primeiro semestre do próximo ano deve ser de encontro de contas", projeta.
Prefeitura do Rio prevê 2,5 milhões na virada em Copacabana Em movimentação financeira, o Réveillon é o segundo principal evento do calendário turístico no Rio, atrás apenas do Carnaval, segundo Antônio Mariano, secretário municipal de Turismo.
Ele afirma que a festa em Copacabana costuma atrair em torno de 2 milhões de pessoas. Desta vez, aponta o secretário, a previsão é bater 2,5 milhões ou, "com muito otimismo", chegar a 3 milhões.
"Vai ser a primeira festa de verdade [de Réveillon] após quase três anos de pandemia."
Entre impactos diretos e indiretos, o Ano-Novo costuma movimentar cerca de R$ 2 bilhões na economia carioca, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, a partir de dados da FGV (Fundação Getulio Vargas).
No Réveillon de 2023, as atividades de turismo devem gerar uma arrecadação de R$ 14,2 milhões em ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza), projeta a pasta.
Conforme a secretaria, o montante estimado supera em cerca de 20% a quantia registrada na última edição (R$ 11,8 milhões), já com o desconto da inflação.
A arrecadação prevista para esta virada também é maior do que a verificada na passagem de 2019 para 2020 (R$ 13 milhões), antes da pandemia, sinaliza a pasta.
"A gente entende que é um impacto relevante", relata Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico.
Além dos dois palcos de shows em Copacabana, a prefeitura também anunciou a instalação de outros oito espalhados pela cidade.