Demissões em startups 'unicórnios', Google anuncia robô rival do ChatGPT e o que importa no mercado

Por ARTUR BÚRIGO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Demissões em startups 'unicórnios', Google anuncia robô rival do ChatGPT e os destaques do mercado nesta terça-feira (7).

**MAIS DEMISSÕES NOS UNICÓRNIOS**

A startup de logística Loggi, um dos unicórnios (empresas avaliadas em US$ 1 bi ou mais) brasileiros, anunciou uma nova leva de demissões nesta segunda (6), com o corte de cerca de 7% do quadro de funcionários.

A empresa não informou o número total de dispensados, mas o site Layoffs Brasil, que registra o número de desligamentos em startups, aponta 250 demissões nesta segunda.

A justificativa da startup para os cortes foi que a ação busca um aumento da eficiência operacional e resulta da avaliação criteriosa das prioridades.

Em agosto do ano passado, a Loggi havia demitido 15% do seu quadro, em um processo que também levou à troca no comando da empresa. Na época, o argumento utilizado foi o de "adaptar a companhia ao novo cenário global".

Considerando os dois cortes, cerca de 750 funcionários foram desligados nos últimos seis meses.

NÃO FOI SÓ ELA

O C6 Bank ?outro unicórnio? também demitiu parte de sua equipe nesta segunda. O banco digital não informou o número de desligados, mas o site Layoffs Brasil fala em 500 demissões.

A empresa afirma tratar-se de "readequações" e diz ainda que irá manter o cronograma de contratações previstas para este ano, com objetivo de encerrar 2023 com 800 novos profissionais.

Cerca de 40% do C6 está nas mãos do banco americano JPMorgan, que comprou a fatia da fintech em 2021.

As levas de demissões desta segunda se somam às outras anunciadas por unicórnios brasileiros, que foram concentradas no primeiro semestre do ano passado.

Essas empresas tiveram que cortar na carne para se adaptar ao novo cenário de juros altos e menos dinheiro disponível para grandes aportes.

Nos EUA, foi a vez da Dell cortar cerca de 6.650 trabalhadores, ou 5% de seus funcionários em um momento de queda de vendas no mercado de computadores pessoais.

**GOOGLE AGILIZA RIVAL DO CHATGPT**

O Google, que vinha adotando um tom mais cauteloso na liberação ao público de seus projetos de IA (inteligência artificial), anunciou nesta segunda o lançamento do Bard, um robô gerador de texto para competir com o ChatGPT.

A big tech diz que a tecnologia está em teste e deve ser disponibilizada nas próximas semanas. A decisão veio depois da estrondosa estreia do ChatGPT, que acendeu um alerta vermelho para o motor de buscas.

A ferramenta da OpenAI conquistou 100 milhões de usuários em menos de dois meses, prazo bem menor que TikTok (nove meses), Instagram (30 meses) e Spotify (55 meses), para citar alguns apps de sucesso que atingiram esse patamar.

O ROBÔ DO GOOGLE

O Bard será lançado com uma versão mais leve do LaMDA, modelo de linguagem para aplicativos de diálogo, na sigla em inglês. O recurso baseado em IA também deve integrar o motor de buscas.

Pelo que o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, deu a entender no blog da empresa, o Bard usará informações em tempo real para formular as respostas.

O ChatGPT, por sua vez, foi abastecido com uma gigantesca quantidade de dados até o fim de 2021, o que pode gerar respostas desatualizadas.

GUERRA DE BIG TECHS

A Microsoft, que investiu pesado na OpenAI para poder usar a tecnologia da startup em seus programas, está testando a integração de uma versão superior do ChatGPT, chamada de GPT-4, em seu motor de buscas Bing -e deve falar sobre isso nesta terça (7).

A versão também deve ser abastecida com informações em tempo real e deve trazer links com fontes dos locais de onde o conteúdo foi retirado, de acordo com prints reproduzidos pelo site especializado The Verge.

A dificuldade de garantir exatidão nos conteúdos da IA generativa é apontada como um dos fatores considerados pelas big techs para preferir um ritmo mais lento na divulgação de seus projetos. Conteúdos que podem reproduzir preconceitos também preocupam.

**APÓS CRÍTICAS A BC, MAIS JUROS E INFLAÇÃO**

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou, nesta segunda, as críticas à atuação do BC e disse que a atual taxa básica de juros do país, a Selic, é uma vergonha.

"Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50% [ela está em 13,75%]. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro", disse Lula em posse de Aloizio Mercadante como novo presidente do BNDES.

O presidente ainda pediu que os setores do empresariado façam cobranças sobre o nível da Selic. "A classe empresarial precisa aprender a reivindicar, a reclamar dos juros altos", afirmou.

Empresários ouvidos pela coluna Painel S.A., do jornal Folha de S.Paulo, criticaram as falas de Lula e defenderam o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Para o governo, Campos Neto queimou pontes a partir das decisões do Copom e do tom duro do último comunicado e reduziu suas chances de influenciar a indicação de novos diretores da autarquia.

As críticas de Lula à condução do BC têm ampliado a expectativa de inflação e pressionado os juros, gerando um efeito contrário ao pretendido pelo governo.

EM NÚMEROS

O boletim Focus, pesquisa do BC que reúne as projeções do mercado, mostrou alta nas expectativas para o IPCA deste ano ?de 5,74% para 5,78% ? e do próximo ?de 3,90% para 3,93%.

Nesta terça, é divulgada a ata da última reunião do Copom, encontro em que o BC subiu o tom e indicou que a queda da Selic pode ficar só para 2024.

No Focus, que ouviu o mercado na semana passada, os economistas ainda veem a Selic caindo 1,25 ponto percentual, para 12,5% ao ano, mas os cálculos podem mudar com a divulgação da ata.

**COM 2 ANOS, OPEN FINANCE AINDA PATINA**

Iniciado em 2021, o projeto do BC batizado de open banking e depois transformado em open finance ainda não conseguiu ser popularizado entre os brasileiros.

Depois de dois anos de operação, apenas 15 milhões de clientes (8% da população com conta bancária) permitiram que seus dados sejam compartilhados entre as instituições financeiras.

ENTENDA

O objetivo principal do ecossistema é incentivar a inovação e estimular a concorrência para ampliar e baratear a oferta de serviços financeiros (crédito mais barato, limite maior de empréstimo, menores taxas etc).

Para isso, o consumidor tem que aceitar expressamente que seu histórico bancário seja compartilhado entre as instituições.

O QUE TRAVA

Para os envolvidos no projeto, as instituições ainda não conseguiram deixar claro aos clientes os benefícios que eles terão em troca da anuência do compartilhamento de seu histórico.

Hoje são 800 instituições participantes, entre bancos, cooperativas de crédito e fintechs, com 45 produtos e serviços oferecidos, incluindo, por exemplo, agregadores financeiros e soluções por melhores condições de crédito.

A expectativa do BC e das instituições é que o ecossistema ganhe mais robustez neste ano com a implementação da quarta fase do projeto, quando entram outros setores, incluindo seguradoras, corretoras de investimentos, câmbio e previdência.

O open finance é tratado com um projeto de médio e longo prazo, por isso uma adesão tímida no início não preocupa tanto.

Com o passar do tempo, a expectativa é que novas soluções sejam criadas a partir do compartilhamento de informações, gerando mais atratividade para o sistema.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

MERCADO

Verde Asset diz que foi vítima de fraude em crise da Americanas. Fundo critica demora da varejista em remover diretores e diz que vai buscar proteger seus cotistas.

MERCADO

Ministro do Trabalho sugere novo aplicativo se Uber sair do país. Alternativa seria adotada caso empresas não aceitem regulamentação a ser proposta pelo governo Lula.

AEROPORTOS

Santos Dumont lota enquanto Rio vive impasse sobre aeroportos. Futuro do terminal e do Galeão está sob análise no governo Lula.

PREÇOS

Picanha cai 10% e cerveja sobe 10,5% em 12 meses. Corte acumulou alta de 52% nos quatro anos de Bolsonaro