IPCA-15 de fevereiro acelera para 0,76%, acima do esperado
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Pressionada por reajustes na área de educação, a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou para 0,76% em fevereiro.
A taxa veio após avanço de 0,55% em janeiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O novo resultado ficou acima das estimativas do mercado. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 0,72% neste mês.
No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 registrou inflação de 5,63% até fevereiro. Nesse recorte, houve perda de fôlego, já que a taxa estava em 5,87% até o mês anterior.
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 8 tiveram alta de preços em fevereiro. A maior variação e o maior impacto no IPCA-15 vieram de educação. O grupo subiu 6,41% no mês. Houve influência de 0,36 ponto percentual no índice.
Em educação, a principal pressão veio dos cursos regulares (7,64%), que subiram em razão dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, disse o IBGE.
As maiores variações foram registradas por ensino médio (10,29%), ensino fundamental (10,04%), pré-escola (9,58%) e creche (7,28%). Ensino superior (5,33%), curso técnico (4,50%) e pós-graduação (3,47%) também mostraram altas.
Na sequência dos grupos, aparecem habitação (0,63% e 0,10 ponto percentual) e alimentação e bebidas (0,39% e 0,08 ponto percentual). Vestuário foi o único grupo com baixa (-0,05%) em fevereiro, após avanço em janeiro (0,42%).
O índice oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE. Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o dado de fevereiro ainda não está fechado. Será conhecido no dia 10 de março.
O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Sua variação contempla a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação. Neste caso, a coleta dos preços ocorreu de 13 de janeiro a 10 de fevereiro.
Em 12 meses, o IPCA-15 (5,63%) está acima da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA em 2023. O centro da meta é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (4,75%) ou para baixo (1,75%).
A alta prevista pelo mercado financeiro para o IPCA é de 5,89% no acumulado de 2023, de acordo com o boletim Focus publicado na quarta-feira (22) pelo BC. Se o resultado for confirmado, este será o terceiro ano consecutivo de estouro da meta.
Com a inflação ainda pressionada, o BC vem mantendo a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. A Selic em nível elevado busca esfriar a demanda por bens e serviços, em uma tentativa de conter os preços e ancorar as expectativas de inflação.
O efeito colateral esperado é a perda de fôlego da atividade econômica, porque o custo do crédito fica mais alto para empresas e consumidores.
Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empilhou uma série de críticas à atuação do BC e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Lula afirmou que o patamar da Selic é uma "vergonha", chamou a autonomia do BC de "bobagem" e se referiu a Campos Neto como "esse cidadão".
O petista também defendeu uma flexibilização na meta de inflação, na expectativa de abrir espaço para o corte da taxa de juros, apesar de parte dos economistas considerar que o efeito concreto seria o oposto, por ampliar incertezas.