Bolsa e dólar fecham praticamente estáveis após definição de impostos sobre combustíveis
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bolsa e dólar oscilaram entre alta e baixa durante todo o dia, e fecharam próximos da estabilidade nesta segunda-feira (27). O mercado esperava uma definição sobre a retomada da cobrança de impostos federais sobre combustíveis, mas após a decisão, os ativos continuaram próximos do zero a zero.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,08%, a 105.711 pontos. O dólar comercial à vista fechou em alta de 0,13%, a R$ 5,205. Na mínima do dia, a moeda chegou a atingir a cotação de 5,17.
No mercado de juros, a tendência é de queda. Nos contratos com vencimento em janeiro de 2024, as taxas passaram de 13,46% do fechamento da última sexta-feira (24) para 13,37% ao ano. Para janeiro de 2025, os juros saíram de 12,77% para 12,62%. No vencimento em janeiro de 2027, as taxas recuaram de 13,06% para 12,85%.
O governo Lula decidiu que vai voltar a cobrar impostos da comercialização de combustíveis no país. A cobrança, no entanto, será com alíquotas diferentes.
Os percentuais serão maiores para os combustíveis fósseis (gasolina) e mais suaves para os biocombustíveis, como o etanol.
Membros do governo se reuniram nesta segunda-feira para discutir o tema, com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
"Tido como o 'patinho feio' da Esplanada, Haddad tem lutado por pautas consideradas mais alinhadas aos mercados e, por isso, espera-se uma leve reação negativa no caso de um revés para a economia", afirma a equipe de análise da Levante Investimentos.
A medida provisória assinada por Lula no primeiro dia de seu mandato prevê que a desoneração do PIS e Cofins será válida até a terça-feira (28) para a gasolina, etanol, querosene de aviação e gás natural veicular. Ou seja, a tributação seria retomada a partir da quarta-feira (1º), se não houvesse um novo ato.
Antes da desoneração, as alíquotas eram de até R$ 0,69 por litro da gasolina e de R$ 0,24 por litro de etanol.
Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, afirma que os investidores oscilarem entre a preocupação com a inflação e o alívio com a parte fiscal, após a notícia. "No fim, uma arrecadação maior tranquiliza mais o mercado, é mais saudável para as contas públicas", afirma Neves.
Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, é outro que coloca a reoneração dos combustíveis como algo positivo. "O governo quer cobrar mais impostos sobre os combustíveis fósseis, então temos que ver como vai ficar. Mas a medida garante R$ 30 bilhões adicionais em arrecadação, e isso é bom."
Sobre a diferença na cobrança entre gasolina e etanol, o Ministério da Fazenda afirma que a nova modelagem está em discussão entre o governo e a Petrobras. O secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, viajou ao Rio de Janeiro para se reunir com diretores da companhia e debater o assunto.
As ações ordinárias da Petrobras fecharam esta segunda-feira em alta de 1,65%, e a preferenciais subiram 0,69%. Os papéis oscilaram bastante. Na máxima do dia, o papel ordinário chegou a subir quase 3%.
Os bancos também tiveram papel importante no desempenho do índice nesta segunda. Dados do Banco Central mostraram queda de 2,4% no saldo de crédito concedido no país em janeiro na comparação com dezembro.
A ação ordinária do Banco do Brasil fechou em baixa de 1,35%. As ações ordinárias e preferenciais do Bradesco caíram 0,08% e 0,97%, respectivamente. A preferencial do Itaú Unibanco recuou 1,28%. A Unit do Santander Brasil teve baixa de 0,75%.
Para Gabriel Meira, da Valor Investimentos, há um movimento das empresas pedindo menos crédito aos bancos neste momento, com os juros altos, e também se antecipando a uma maior restrição imposta pelas instituições financeiras.
Nos Estados Unidos, as bolsas se recuperaram parcialmente das quedas acumuladas na semana passada. Para analistas, os investidores tentaram "digerir" o cenário de juros altos por mais tempo no país.
Nesta segunda, foi divulgado o dado de encomendas de bens de capital pela indústria americana. Houve um aumento de 0,8% em janeiro na comparação com dezembro.
O sinal deste indicador é de que as indústrias nos Estados Unidos continuam investindo para aumentar a capacidade produtiva no longo prazo, mesmo com as incertezas sobre a continuidade do crescimento econômico.
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,22%. O S&P 500 subiu 0,31%. O índice Nasdaq encerrou com avanço de 0,63%.