Lula diz que aplicativos exploram trabalhadores de forma nunca vista na história

Por RENATO MACHADO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente nesta quarta-feira (1º) os aplicativos, afirmando que essas plataformas exploram os trabalhadores como jamais registrado na história.

"As empresas de aplicativo exploram os trabalhadores como jamais em outro momento na história os trabalhadores foram explorados", afirmou o presidente.

A nova ofensiva contra essas empresas acontece em meio às tratativas do governo para propor uma legislação que regulamente as atividades relacionadas com os aplicativos. O presidente também ressaltou que cabe aos sindicatos atuarem para estabelecer uma nova relação de trabalho.

Lula participou nesta quarta-feira (1º) de cerimônia no Palácio do Planalto com representantes da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas.

Participaram o ministro Luiz Marinho (Trabalho) e dirigentes sindicais de diversos países do continente americano. Também esteve presente e discursou o ex-presidente do Uruguai José Mujica.

Lula afirmou que as empresas de aplicativo vêm determinando os acontecimentos do mundo do trabalho, com baixas remunerações e ausência de direitos para os seus colaboradores.

"Todo mundo sabe os efeitos no mundo do trabalho com as empresas de aplicativo determinando o que acontece no mundo do trabalho, em todos os países do mundo. E todos sabemos a dificuldade que trabalhadores do mundo inteiro estão passando e a responsabilidade que dirigentes sindicais terão de tentar estruturar uma nova relação, um novo pacto na legislação da relação do trabalho", afirmou.

Lula ainda acrescentou que as formas de trabalho atuais dificultam a organização dos trabalhadores e a atuação dos sindicatos, uma vez que há uma descentralização da atuação dos profissionais. Acrescentou que na sua época era apenas ir para a porta das fábricas e seria possível transmitir a mensagem aos trabalhadores.

"Aqui no Brasil temos uma imensa maioria de trabalhadores que são trabalhadores intermitentes, temporários, que não conhecem o seu empregador, que sequer tem onde reclamar quando alguma desgraça acontece na vida do trabalhador", afirmou

Presente à cerimônia, o ex-presidente uruguaio Mujica aproveitou para criticar a falta de união entre as nações da América Latina e criticou as grandes potências por suas atuações durante a pandemia da Covid-19. Mujica afirmou que não houve uma unidade entre os países latinos para brigar com as potências, em busca da quebra de patentes contra o novo coronavírus.

"[Não tivemos] nem uma reunião de presidentes [latino-americanos], para brigar com o mundo pelas patentes. Quatro ou cinco países que podem fabricar as vacinas e não pudemos brigar como continente, não pudemos nos juntar. Temos que voltar a ter consciência e nunca mais nos metermos no erro de não nos juntarmos para nos defendermos", afirmou o uruguaio.

"Ninguém vai dar de presente a prosperidade [aos latino americanos]. Não se trata de ser de esquerda ou de direita. Se trata a não seguirmos sendo bobos, estúpidos", completou.

Na mesma linha, Lula ressaltou a importância de fortalecer organizações sul-americanas e latino-americanas, como a Celac, a Unasul e o Mercosul